No dia 19 de março visitamos mais um lugar que foi utilizado para locação do filme Help!. É um local mítico (místico, para alguns), acredita-se que erigido entre 3000 e 1600 a.C., chamado Stonehenge.
Henge é uma forma arcaica de hang (pendurado/suspenso). Pedra suspensa? Esse conjunto pré-histórico de pedras, que na origem formavam um círculo, fica na planície de Salisbury, uma área campestre distante aproximadamente 13 km do centro de Salisbury. O monumento encontra-se alinhado com o nascer do sol no solstício de verão e com o pôr-do-sol durante o solstício de inverno. Sua finalidade, entretanto, é um mistério.
Detalhe do filme "Help!"
Foi nessa planície que foram filmadas as cenas em que os Beatles cantam “The night before“ e “I need you“ (de fundo, ouve-se também “She’s a woman“), em meio a uma área de treinamento militar, com direito a tanques e armamentos para protegê-los… explosões e até mesmo um tanque de guerra cedido pelas tropas da Artilharia Real, no qual os Beatles se protegem do ataque dos fanáticos perseguidores de Ringo, devotos da deusa Kaili, com a ajuda de Ahme (Eleanor Bron)… A sequência termina com os Beatles enganando os inimigos, que explodem o tanque, mas os quatro Beatles e Ahme desceram antes, ao passarem por um monte de feno.
Em uma outra cidade próxima dali, Amesbury, fica o Antrobus Arms Hotel, no qual os Beatles se hospedaram em 2 de maio de 1965, por três dias, enquanto duraram as locações na planície de Salisbury. O hotel existe até hoje, oferecendo inclusive uma Beatles Suíte para quem quer se hospedar no mesmo quarto ocupado por eles… Esse local nós não conhecemos, mas fica a dica!
E já que estamos falando no Help!, olhe só o carrinho que encontramos dia desses, na Sloane Square, junto da King’s Road!
Ainda circulam por aí os carros da loja de departamentos Harrods, igualzinhos aos do filme… Muito legal!
Algumas boates de Londres ficaram muito conhecidas nos anos 60 e 70, por seus frequentadores e também pelas bandas em início de carreira que lá se apresentavam.
Já comentamos aqui sobre o Bag O’ Nails Club, na Kingly Street nº 9, o lugar onde Paul conheceu Linda, e o Scotch of St James, que ficava em Mason’s Yard nº 13, bem próximo à galeria de arte Indica, onde John conheceu Yoko Ono. Jimi Hendrix tocou nesses dois clubes.
Logo que chegamos a Londres, andando pelo Soho, visitamos o local em que, no passado, ficava The Marquee Club, na Wardour Street nº 90.
Esse lendário night club funcionou nesse endereço de 1964 a 1988 e por ele passaram os nomes mais conhecidos da cena inglesa, tanto no palco quanto na plateia (Rolling Stones, Animals, Yardbirds, Cream, David Bowie, The Who, Moody Blues, Led Zeppelin, entre muitos outros).
The Who no The Marquee Club
No local atualmente estão estabelecidos os restaurantes Meza e Floridita. A entrada do Marquee ficava no lugar onde hoje há a porta de um prédio (Soho Lofts) e nele há uma placa azul da Heritage Foundation, colocada em março de 2009, que estabelece uma ligação com Keith Moon, baterista do The Who (apenas ele, porque só pessoas de reconhecida importância, mortas há mais de 20 anos, costumam ter direito às placas azuis).
Foi numa temporada tocando no Marquee que Pete Townshend deu início à performance de quebrar a guitarra.
Outro night club importante no cenário musical de Londres nos anos 60, até o final dos anos 70, foi o Speakeasy Club, que ficava no nº 48 da Margaret Street, uma travessa da Regent Street, pertinho de Oxford Circus.
No Speakeasy, além de Jimi Hendrix (que tocou em todos os clubes mencionados até agora) apresentaram-se Pink Floyd, Deep Purple, King Crimson, Jeff Beck , Bob Marley, e muitos outros. Entre os frequentadores, os integrantes das principais bandas da época…
São muitas as menções a esses night clubs: George Harrison lembrava-se de ter tido um segundo encontro com Eric Clapton no The Marquee… Paul McCartney conta que foi com Linda e os integrantes do Animals ao Speakeasy, na noite em que se conheceram. Em 3 de julho de 1967, os Beatles recepcionaram os Monkees no Speakeasy (e dizem que a festa terminou às 6 da manhã, com uma jam session de George Harrison, Peter Tork e Keith Moon). The Who refere-se ao Speakeasy no álbum Who Sell Out (entre as faixas “Our Love Was” e “I Can See for Miles”).
Outro dia passamos pelo endereço onde ficava o Speakeasy Club e verificamos que no lugar agora existe uma escola de maquiagem e beleza (London Esthetique). Nada faz lembrar o importante passado. What a pity!
O roll de boates de Londres famosas pelos seus frequentadores nos anos 60 e 70 ainda não acabou. Em breve postamos a continuação.
Acho que todo mundo se lembra ou já ouviu falar da boutique da Apple que ficava na esquina da Baker Street com a Paddington Street, em Marylebone, Londres. Inaugurada em 7 de dezembro de 1967, com muito agito, durou apenas seis meses e fechou em 30 de junho de 1968. O prédio original, no qual os Beatles mandaram pintar um imenso mural psicodélico desenhado pelo The Fool (grupo holandês de design coletivo) consta que foi demolido em 1974.
Alvo de muitas reclamações às autoridades locais, o mural pintado na fachada teve que ser apagado em maio de 1968, sendo substituído por uma pintura branca, com a marca apple (com o A minúsculo).
Visitamos o prédio que existe atualmente no nº 94 da Baker Street. É um prédio de escritórios com uma fachada no mesmo estilo do prédio antecessor. Na verdade, a fachada atual dá continuidade à fachada do prédio que já havia no meio do quarteirão, apenas o telhado é diferente.
A presença de uma placa azul da Musical Heritage estabelece uma ligação de John Lennon com o prédio, sem informar qual. (Apenas John? Isso deve ser coisa da Yoko…)
Coincidência ou não, nessa mesma rua (Baker Street nº 231/233) fica a London Beatles Store, uma loja totalmente dedicada à venda de merchandise dos Beatles: chaveiros, pins, camisetas, bolsas, toalhas… tudo que você puder imaginar com a marca Beatles.
Em relação às atividades da Apple Corps., um fato que quase ninguém se lembra é que os Beatles se envolveram no lançamento de uma segunda boutique…. A Apple Tailoring (Civil and Theatrical), inaugurada em 23 de maio de 1968, no nº 161 da King’s Road, em Chelsea, uma rua que rivalizava com a Carnaby Street em termos de glamour nos anos 60.
Por sinal, a primeira aparição pública de John com Yoko Ono ocorreu na véspera de sua inauguração, em um almoço na King’s Road e press conference para lançamento da nova boutique. Quando, depois de muito dinheiro investido e perdido nas duas lojas, os Beatles anunciaram que abandonariam esse ramo de negócios, deixaram o controle da Apple Tailoring para o estilista John Crittle, seu idealizador (com John na foto abaixo).
Em um passeio pela King’s Road, pudemos observar que o endereço é parte de um conjunto de lojas no andar térreo de um prédio, e atualmente ali está estabelecida a empresa Proud Chelsea, uma galeria especializada em arte fotográfica. .
(Observe o piso da calçada junto à porta de entrada, na foto de John posando de modelo. Parece que ainda é o mesmo!)
A Kings’s Road continua interessante, com um comércio de nível alto, bons restaurantes… Almoçamos em um pub charmoso e antigo, bem próximo do local onde ficava a boutique, o Chelsea Potter, e ficamos divagando sobre a possibilidade de algum Beatle ter estado ali… Londres tem dessas coisas!
Cerca de duas quadras dali fotografamos a casa em que Caetano Veloso e Gilberto Gil moraram no tempo de exílio, de 1969 a 1972, a qual fica na Redesdale Street nº 16, em Chelsea. Uma casa de esquina, três andares mais o basement, situada em uma rua muito tranquila, mas convidativamente próxima da King’s Road que, à época, era um point. (Parece que há uma solicitação no sentido de que seja colocada uma plaquinha azul também nessa casa, para que o local entre no roteiro dos turistas brasileiros…)
“The Sixteen Chapel” apelido da casa de Caetano e Gil em Londres
Virando a esquina chegamos à Flood Street, rua onde ficava o estúdio fotográfico de Michael Cooper (nº 1-11) no qual, em 30 de março de 1967, foi feita a foto de capa do álbum Sargent Pepper’s (Chelsea Manor Photografic Studios).
1-11 Flood Street
É… Como diz o nosso amigo Johnny, esta é uma “terra santa”… É coisa demais para um dia só! Abaixo, assista a um vídeo da época.