Efeitos colaterais…

Dartford é um município que fica a sudeste de Londres, relativamente próximo do bairro em que estamos morando. Não tem nada de especial, exceto ser a cidade natal de dois integrantes dos Rolling Stones: Mick Jagger e Keith Richards.
Então, porque estava logo ali pertinho… um dia desses fomos conhecer a cidade e ver alguns lugares ligados aos dois roqueiros antes da fama.
O local mais importante nessa história é a própria estação de trem de Dartford, na qual desembarcamos. Foi lá que, em 1961, uns LPs de Chuck Berry que Keith Richards trazia debaixo do braço despertaram o interesse de Mick Jagger, seu antigo colega de escola primária, que também esperava o trem. Interesses em comum, os dois logo marcaram outros encontros e começaram a tocar juntos, dando início à espetacular banda de rock que neste ano de 2012 completa 50 anos de carreira.

Clique aqui para ler a carta que Keith Richards escreveu à sua tia Patty, relatando o encontro com Mick Jagger e os dias anteriores à criação da banda.

Da estação, nos dirigimos ao bairro denominado Temple Hill, onde Keith Richards viveu parte da infância e adolescência. Esse loteamento foi construído para abrigar famílias que tinham perdido suas casas devido aos bombardeios que atingiram Dartford durante a Segunda Guerra Mundial. Keith Richards morava no nº 6 da Spielman Road, em uma boa casa, geminada apenas de um lado, tipicamente inglesa.

Pelo tom da carta de Richards para sua tia, a casa em que Mick Jagger morava, em Wilmington, um bairro um pouco afastado, devia ser muito maior…

De lá fomos procurar a escola em que estudou Mick Jagger, a Dartford Grammar School, a qual atualmente tem como anexo um tipo de centro cultural que leva seu nome (The Mick Jagger Centre). A escola fica na West Hill esquina com a Shepherds Lane. Um prédio muito bonito… tradicional. As “grammar schools” são consideradas escolas mais fortes, para as quais são selecionados os melhores alunos das escolas primárias. Mick era estudioso!

Tudo fechado, porque era feriado, mas pudemos fotografar o exterior do prédio.
Um pausa para o almoço, uma voltinha no centro (toda cidade aqui tem uma high street, que é a rua do comércio).
A relação de lugares “stonianos” era maior, mas tivemos que nos contentar em dar uma olhadinha, de dentro do ônibus, no Livingstone Hospital, na East Hill, o hospital em que nasceram Richards e Jagger, e mais nada…

Só complementando, li em um jornal daqui que foi aprovada a criação de um loteamento nos arredores de Dartford  no qual 13 ruas receberão nomes de músicas dos Stones, como Ruby Tuesday Drive, Satisfaction Street, Lady Jane Walk, Angie Mews, etc.  Creio que ainda não está pronto… É uma tentativa, às avessas, de entrar para o mapa, do mesmo modo que Liverpool ficou conhecido por causa dos Beatles. Só que os Beatles efetivamente amavam a cidade de Liverpool e homenagearam vários lugares em suas canções. Keith Richards e Mick Jagger aparentemente não davam a mínima para Dartford… So… Quem sabe vamos conferir, numa próxima visita…

P.S.- Coincidentemente, hoje foi publicada uma foto no Daily Mail, em que aparecem Mick Jagger (círculo à esquerda) e Keith Richards (à direita), alunos da mesma escola primária em 1951 (Wentworth Primary School, de Dartford). Abaixo reproduzo a foto:

Night Clubs (2)

O Crawdaddy Club, em Richmond, região sudoeste da Grande Londres, é mais um local que tem história. Os Rolling Stones se apresentavam ali, em 14 de abril de 1963, quando os Beatles foram assisti-los pela primeira vez.

(Observamos que no livro Many Years From Now, biografia de Paul McCartney, é mencionada a data de 21 de abril, a qual parece estar errada, de acordo com a “bíblia” de Mark Lewisohn.)

Os quatro Beatles ficaram muito bem impressionados com a performance… e poucos dias depois, George Harrison falou sobre os Rolling Stones a Dick Rowe, executivo da Decca Records – aquele que passou para a história como o homem que recusou os Beatles – com a recomendação de que não perdesse a oportunidade dessa vez. Dick Rowe foi assisti-los no Crawdaddy em 6 de maio de 1963 e imediatamente deu início às negociações para contratação da banda.

Depois dos Stones, os Yardbirds também tocaram lá bem no início da carreira. E até o Led Zeppelin… O nome da revista americana sobre música Crawdaddy!, foi inspirado no clube inglês.

Localizado no nº 1 da Kew Road, no Station Hotel, o Crawdaddy Club ficava exatamente em frente à estação de trem e metrô de Richmond. Devido ao grande sucesso das apresentações dos Stones, mudou-se logo em seguida para um lugar maior, no Richmond Athletic Association, bem pertinho dali.

Até bem pouco tempo atrás, no nº 1 da Kew Road funcionava um pub chamado The Bull.

Recentemente fizemos um delicioso passeio a Richmond e verificamos que agora ali está estabelecido um bar cujo nome é o próprio endereço: One Kew Road.

Bem perto de Piccadilly Circus, na Swallow Street nº 9, na área central de Londres, havia um night club denominado Sybilla’s, totalmente privê e frequentado apenas pelos vips da época. George Harrison era um dos sócios, juntamente com o DJ Alan Freeman, entre outros. A discoteca foi inaugurada em 22 de junho de 1966, com a presença dos quatro Beatles. A foto de Patty Boyd dançando (com Paul ao fundo?) consta que foi tirada nesse dia.

São pouquíssimas as referências a esse night club, provavelmente porque era realmente muito reservado. Sabe-se que John e George compareceram a uma festa de lançamento do álbum Music in a Doll’s House, do grupo Family no Sybilla’s, em julho de 1968.

Nessa época os Beatles estavam gravando o álbum branco e cogitavam colocar o nome de A Doll’s House, mas desistiram ante o lançamento do Family com um nome parecido. Não perderam nada, porque lançar um álbum sem título, com tiragem numerada, acabou sendo algo bem mais interessante e inovador para a época.

O grupo Badfinger (ainda como The Iveys) se apresentou várias vezes no Sybilla’s durante o ano de 1968 e, no dia 9 de outubro, aniversário de John Lennon, Pete Ham cantou “Revolution” em sua homenagem.

No último domingo passamos em frente ao endereço. Ainda é um clube privê (members club), denominado Anaya. Fica em uma pequena rua (calçadão) travessa da Piccadilly, com acesso pela Regent Street. Bem discreto, mal se percebe que se trata de uma casa noturna.


The day I met Yoko Ono…

Segunda-feira 2/4 fomos ao Borderline, uma casa de shows com cara de pub bem próximo da Soho Square (onde fica o prédio da MPL), para assistir a mais uma performance de James McCartney.


O show de James foi muito parecido com o que assistimos em dezembro passado no Barfly. Um pouco mais curto: desta vez não houve bis!
James McCartney parece um pouco mais “solto”, embora ainda cante a maior parte das músicas de olhos fechados! Alguns sorrisos inclusive… Continua interagindo muito pouco com a plateia e faz mínimas apresentações das canções.


A banda, muito boa, torna as canções mais “pesadas” do que encontramos no lançamento oficial em CD e algumas delas já se destacam como favoritas do público – “Angel” e “I Don’t Want To Be Alone”, esta em particular com um notável refrão digno do velho Macca!


Bem, vamos às curiosidades: Já tínhamos estado no Borderline assistindo a um show do norte-americano J.J.Grey & Mofro, um cantor e compositor que mistura blues/rock/country – muito interessante, por sinal – e já conhecíamos o espaço. Chegamos cedo para escolher o melhor lugar, tentando prever por onde um possível convidado ilustre poderia entrar, para nos posicionarmos estrategicamente… Junto de nós alguns representantes do James McCartney Fan Club – isso mesmo ele já tem fã clube! E alguns fãsnáticos do velho Macca prestigiando a segunda geração…

Pois bem, poucos instantes antes de começar o show, para surpresa de todos, entra ninguém menos do que Yoko Ono!! Ela fica bem junto à lateral do palco em área reservada e protegida por seguranças mas ainda assim muito próxima de nós. Próxima o suficiente para, em determinado instante, por entre os seguranças, eu a chamar pelo nome e solicitar uma foto, ao que ela prontamente atendeu me dando um exclusivo sorriso…


Yoko permaneceu durante todo o show muito alegre e interativa, parecia animada com tantos flashes, permitindo até que duas garotas da plateia – a brasileira Ana era uma delas – passassem pelos seguranças e fossem dançar com ela!!!


Yoko Ono, com esta atitude de prestar apoio ao filho de Paul e, principalmente, com a naturalidade com a qual a realizou, contribuiu bastante para reduzir a rejeição que ela sofre há muitos anos. Inclusive minha!!! Então… Dá para avaliar a crise de valores que eu estou enfrentando?
De acordo com o Daily Mail, Stella McCartney também estava presente, mas não a vimos nem ouvimos comentários sobre isso durante o show…


James ainda retornou, pelo fundo da sala, para receber o público para fotos e autógrafos. O número de pessoas interessadas desta vez era maior do que o tempo disponível e não nos foi possível chegar junto dele para novo autógrafo (Infelizmente Ader….vou mandar apenas o ingresso). Desta vez havia muitos jornalistas assistindo ao show e James logo foi chamado para dar entrevistas. Como a maioria deve ter lido, as matérias dos sites de notícia no dia seguinte ao show mencionaram uma possível reunião dos filhos dos Beatles para um trabalho conjunto. The Fab 4 Junior? The Young Beatles? Pouco provável, mas até que seria divertido!