Segredos das músicas dos Beatles

Parte III – A HARD DAY`S NIGHT

Por Vladimir Dantas

O terceiro álbum dos BEATLES nasceu bem diferente dos dois primeiros. Please, Please Me é quase um disco ao vivo de estúdio, produzido em apenas um dia, com músicas que eles já executavam em shows em Liverpool e Hamburgo.  With The Beatles teve maiores cuidados na produção, uma vez que o objetivo era capitalizar o sucesso que já despontava.

A repercussão do grupo em 63 levou ao inevitável esquema de filme +disco, tão utilizado por Elvis (com  resultados danosos para sua carreira, musicalmente falando). Felizmente não foi explorado com profundidade pelos BEATLES. Os filmes se constituíram numa experiência a ser explorada, mas não uma forma artística única ou limitante de sua criatividade.

A Hard Day’s Night (no Brasil Os Reis do Iê Iê Iê – com capa em vermelho no original de 64) se constituiu no primeiro disco unicamente de canções compostas pelo próprio grupo,  e o único com apenas canções de Lennon & McCartney. A parceria de John e Paul neste disco mostra um domínio total de John, indicando que nestes tempos iniciais havia uma relação de líder x liderado muito marcante. Apenas dois anos mais tarde Paul iria inverter estes papéis.

Das treze canções do álbum, dez são dominadas por John como o principal compositor (incluindo a faixa destinada ao vocal de George). Outro fato a ser destacado em A Hard Day`s Night é que ele é também  o único álbum original inglês que não contém nenhum vocal de Ringo.

Curiosidade: Consta que o título para o filme e álbum foi tirado de um comentário que Ringo teria feito após um dia exaustivo de trabalho. John já havia se utilizado da mesma expressão em uma de suas histórias (“Sad Michael”) do livro In His Own Write, editado em 23 de março de 64. Talvez Ringo tenha lido isso recentemente e ao se utilizar da expressão, inspirou John a compor a música titulo.

A HARD DAY’S NIGHT

O uso da guitarra de doze cordas e, em particular, o arpejo ao final desta gravação iriam influenciar sobremaneira o grupo The Byrds. Esta música foi composta, arranjada, ensaiada e gravada em pouco mais de 24 horas, no dia 16 de abril de 64.

Paul faz os vocais nas passagens mais altas porque John não conseguia  atingir as notas (explicações do próprio John anos mais tarde).

I SHOULD HAVE KNOWN BETTER

John quis utilizar a gaita de forma parecida a Bob Dylan. Esta composição tem uma característica otimista que não foi marca do trabalho normal de John.

IF I FELL

John: “Esta foi minha primeira tentativa de escrever realmente uma balada. Ela é precursora de ‘In My Life’.  Ela tem algo de autobiográfica de forma não consciente, no entanto”.

Paul faz as altas harmonias, porém na versão estéreo sua voz “acaba” na segunda passagem da frase “our love was in vain”, exatamente na palavra vain. Nesta mesma versão estéreo a voz de John é dobrada nos versos iniciais.

I’M HAPPY JUST TO DANCE WITH YOU

John compôs esta para que George tivesse seu “momento” no filme. George ainda não havia desenvolvido sua habilidade como compositor e não tinha nenhuma canção que John e Paul considerassem boa o suficiente para o disco. Mais tarde, quando ele se aprimorou, acabou por ficar ressentido pelo pouco espaço para as suas músicas. John, em uma entrevista de 80, também ficou ressentido por George, em seu livro I Me Mine, não dar qualquer destaque à sua contribuição ao seu desenvolvimento como compositor.

 A guitarra parece ter sido inspirada em Bo Diddley.

AND I LOVE HER

Paul escreveu esta balada tendo como inspiração seu início de relação com Jane Asher.

 Os ensaios de gravação iniciais foram utilizando a formação normal do grupo, com guitarra e bateria (vejam Anthology 1), mas em seguida passaram à versão mais acústica que se oficializou. `And I Love Her` é também uma das músicas que apresentam diferenças entre as versões estéreo e mono, particularmente na dobra dos vocais de Paul. John disse que `And I Love Her` foi o “primeiro Yesterday” de Paul.

TELL ME WHY

John:  “Eles precisavam de mais uma canção para o filme, eu então rapidamente fiz `Tell Me Why`. Esta é apenas uma música ao estilo dos grupos femininos de New York”.

Embora a letra da música tenha uma forma simples, já mostra um lado típico de John: “Ele foi enganado e abandonado. Está chorando. Ele pede que a garota diga o que foi que ele fez de errado para que ele possa consertar”. Estas preocupações  viriam a se tornar objeto de trabalhos mais profundos mais tarde: `Mother`, `My Mummy’s Dead’, `Isolation`. Todas do primeiro disco solo de John.

CAN’T BUY ME LOVE

Esta composição de Paul foi a primeira faixa do disco a ser gravada.  A parte principal foi gravada em Paris em janeiro de 64, bem antes do início das filmagens.

Quando foi lançado em 16 de março de 64, este foi o primeiro compacto dos BEATLES a ter um único cantor solo. ‘Can’t Buy Me Love` também apresenta o primeiro solo de George reconhecidamente memorável. George Martin durante os ensaios sugeriu que a gravação começasse pelo refrão.  lsto trouxe um charme adicional, atuando como uma introdução.

Curiosidade: A lista dos cem sucessos da revista Billboard de 4 de abril de 64 trazia: n. 1.’Can’t Buy Me Love`, n. 2. `Twist and Shout’, n. 3. `She Loves You`, n.4.`I Want To Hold Your Hand`, n.5. `Please Please Me` e mais: `I Saw Her Standing There`,  `From Me to You’, `Do You Want to Know a Secret `, `All My Loving`, `You Can’t Do That`, `Roll Over Beethoven` e  `Thank You Girl`.

ANY TIME AT ALL

Nesta composição de John, Paul contribuiu com a passagem em crescendo ao piano. George já mostra também seu influente trabalho de guitarra, que viria a se destacar definitivamente em Help! e Rubber Soul.

`Any Time At All` tem um vigor adicional promovido pela bateria de Ringo e um vocal shout de John, garantindo um perfeito rocker.

I’LL CRY INSTEAD

Esta música estava destinada para a cena do filme em que os quatro correm e saltam soltos em um campo, mas o diretor Richard Lester preferiu `Can’ Buy Me Love`por esta ter mais energia. Composta por John. Tem um grande sabor de country & western.

THINGS WE SAID TODAY

Paul escreveu esta enquanto estava de férias nas Bahamas junto com Jane Asher, Ringo e Maureen, a bordo de um iate alugado chamado Happy Days.

WHEN I GET HOME

John faz algo com o estilo de Wilson Pickett  deliberadamente, pois sempre demonstrou admiração pela soul music,  chegando a dizer certa vez que uma das músicas que gostaria de ter escrito era `Can`t I Get a Witness` de Marvin Gaye. Outra canção  com visão otimista não comum a John.

YOU CAN’T DO THAT

Outra influência  de Wilson Pickett,  segundo o próprio John. O solo de guitarra é de John:  “Eu nunca toco nada como lead-guitarist  que George não faça melhor, mas eu gosto de tocar lead de vez em quando”. John toca sua nova Rickenbacker.

Existe também na gravação um dos melhores suportes vocais de Paul e George do tipo resposta à voz principal.

I’LL BE BACK

Esta sempre foi  uma das favoritas de John. Ela foi inspirada pela estrutura de `Runaway` de Del Shannon, sucesso em 1961. Os Beatles  e Del Shannon se apresentaram juntos em Londres no Royal Albert Hall (18 de abril de 63) e nesta ocasião se entenderam a ponto de Del Shannon ser responsável pela primeira gravação de um original de Lennon & McCartney nos EUA: `From Me to You`.

(Revolution, São Paulo, ano 1, n.3, p. 56-57, fev. 96)

Segredos das músicas dos Beatles

Nos anos 90, o fã clube Revolution, de Marco Antonio Mallagoli, publicou sete revistas  de enorme repercussão entre os beatlemaníacos, intituladas REVOLUTION.

As edições, dedicadas exclusivamente aos Beatles, ainda estão disponíveis na página oficial do fã clube: revolution9.com.br.

Na revista # 1, de dezembro de 1995, Marco deu início à série de matérias sobre “Os Segredos das Músicas dos Beatles”, abordando o LP “PLEASE PLEASE ME”.

Passaremos a transcrever as matérias das edições seguintes, as quais contaram com a nossa colaboração.

OS SEGREDOS DAS MÚSICAS DOS BEATLES – Parte II

Por Vladimir Dantas com excertos de Marco Antonio Mallagoli

O segundo LP dos BEATLES chamou-se WITH THE BEATLES, e é com ele que vamos dar sequência à nossa série, onde você fica sabendo tudo o que envolveu a composição das músicas, song by song. Quais as inspirações e os motivos que levaram os BEATLES a compor cada uma das músicas.

IT WON’T BE LONG

Os Beatles aqui confirmam o refrão yeah, yeah, yeah que viria a se tornar sua marca registrada.

História: Esta foi a primeira música cantada ao vivo por Neil Young em seu início de carreira, e foi escrita por John como uma tentativa de fazer o compacto de sequência a “She Loves You”.

ALL I`VE GOT  TO DO

John Lennon: “Esta música sou eu tentando fazer  algo como Smokey Robinson.  Os Beatles estavam sempre achando que eram Smokey Robinson”.

Assim como ‘It Won’t be Long’, esta música nunca foi tocada ao vivo pelos Beatles.

ALL MY LOVING

Paul McCartney:  “Esta foi a primeira canção que escrevi em que eu fiz a letra, antes da música.”  

John Lennon: “Esta é de Paul, eu sinto dizer… porque é um trabalho danado de bom… mas eu toco uma bela guitarra base por trás.”

Esta foi também a primeira canção que Paul compôs tendo Jane Asher como inspiração.

DON’T BOTHER ME

George Harrison: “Foi a primeira música que escrevi.  Eu estava na cama do hotel em Bournemouth (Inglaterra) meio enjoado, e acho que é por isso que saiu `Don’t Bother Me(`Não me amole’). Eu escrevi  esta música como um exercício para saber se eu era capaz de compor”.

LITTLE CHILD

Exemplo da perfeita colaboração entre John e Paul, típica desta fase inicial. John afirmou mais tarde que esta musica foi composta, tendo em  mente dar para Mike Hurst gravar.

TILL THERE WAS YOU

Música escrita em 1957 para o musical da Broadway The Musical Man.

Paul conheceu esta música a partir da gravação de Peggy  Lee, uma de suas cantoras prediletas. Aqui fica antecipado claramente o estilo eclético que Paul viria a demonstrar em todo o desenvolvimento de sua carreira.

PLEASE MR. POSTMAN

Originalmente gravada pelo grupo feminino The Marvelettes, em 1961.

Paul: “Nós gravamos esta influenciados pelos nossos fãs, que escreviam nos envelopes das cartas: Posty, Posty, don’t be slow, be like the Beatles and go, man, go! (Carteirinho, carteirinho, não demora, seja como os Beatles e vá logo embora!)”.

ROLL OVER BEETHOVEN

Original de Chuck Berry de 1956.

Desde o início os Beatles tocaram esta canção em seus shows.  Até 1961 era John quem fazia o vocal principal!

HOLD ME TIGHT

Esta música foi gravada para inclusão no primeiro disco, porém ficou de fora e foi então regravada para o segundo álbum (será que existe esta primeira versão para ser lançada em algum Anthology?).

Musicalmente a influência aqui é do grupo Shirelles. Os Beatles sempre gostaram muito do tipo de harmonia dos grupos vocais femininos como: Chiffons, Donays. Crystals, Ronettes.

YOU REALLY GOT A HOLD ON ME

Original de Smokey Robinson and The Miracles, em 1962.

Os Beatles trocaram o arranjo para sax, do original, por um arranjo para guitarras. Nesta gravação quem faz as harmonias para a voz principal de John é George Harrison.

I WANNA BE YOUR MAN

Originalmente, Paul começou a escrever esta música para Ringo, mas deixou de lado para resolver o problema do middle-eight mais tarde.

Em setembro de 63 Paul, de dentro do táxi em que estava com John, viu o Andrew Oldham (empresário dos Rolling Stones) e pediu ao motorista que parasse. Oldham  foi apanhado, e os três acabaram indo até o estúdio onde os Stones ensaiavam. Quando John e Paul souberam que os Stones precisavam de uma música, eles mostraram o trecho já composto de `I Wanna Be Your Man`. Brian Jones disse que embora os Stones tivessem gostado, não haveria tempo, uma vez que a Decca (gravadora do Stones) estava pressionando a gravação imediata de um compacto.

John e Paul foram então para um canto do estúdio e acabaram de compor, causando grande espanto a Mick Jagger e Keith Richards, que logo após se entusiasmaram para também compor suas próprias músicas.

DEVIL IN HER HEART

O original do grupo feminino The Donays, em 1962, era `Devil in His Heart`.

John faz estranhos vocais de apoio.

NOT A SECOND TIME

Consta que George e Paul não estiveram presentes nesta gravação, ficando então o seguinte: John com violão e vocais, Ringo com a bateria, George Martin com o piano.

Esta música provocou o famoso comentário a respeito das cadências aeólicas, feito pelo crítico William Mann, do London Times.

Sobre este comentário, John disse: “Até hoje eu não tenho a menor ideia do que são estas cadências aeólicas.  Parecem mais pássaros exóticos.”

MONEY (THAT’S WHAT I WANT)

Original de Barrett Strong, de 1959. John incluiu a frase “I want to be free”.

Esta gravação mostra a perfeita combinação das vozes de John e Paul (voz principal e altas harmonias respectivamente)  ao cantar “do fundo da garganta”.

No próximo número,  LP  A HARD DAY’S NIGHT

(Revolution, São Paulo, ano 1, n.2, p. 44-45, jan. 96)

Liverpool: Casas onde tudo começou

Em meio à pandemia, uma diversão garantida tem sido rever os DVDs do Anthology dos Beatles. O problema é que aflora um certo saudosismo dos momentos especiais vividos quando não havia essa ameaça.

Um passeio sempre lembrado, mas que não mencionamos aqui ainda, foi a visita às casas onde viveram Paul McCartney e John Lennon, em Liverpool,  na época em que se conheceram e compuseram as primeiras canções.

Mapa da região habitada por John e Paul, nos anos 50
John Lennon em Mendips

Com certeza você já ouviu falar! Esses endereços são muito recorrentes: 20 Forthlin Road, a casa onde viveu Paul McCartney, e Mendips – na Menlove Avenue, no bairro de Woolton, a casa onde John viveu com a tia Mimi.

Paul McCartney na 20 Forthlin Road

Menos de uma milha separam as duas casas, mas socialmente pertenciam a mundos bem diferentes. A casa onde Paul morava, desde 1955, era parte de um conjunto habitacional da prefeitura, construído no pós-guerra, com aluguel subsidiado. A casa pertencente a Mimi e George, os tios de John, era de um padrão mais alto, semi-independente e com terreno maior.

Para conhecer o interior das casas, é necessário fazer a reserva com bastante antecedência, no site da National Trust https://www.nationaltrust.org.uk/beatles-childhood-homes

As outras excursões em Liverpool vão mostrar as casas por fora, apenas essa excursão, cujo micro-ônibus sai do hotel Jurys Inn, garante o acesso ao interior.

Só posso dizer que foi uma experiência fantástica. Inenarrável, como gosta de dizer o nosso amigo Erasmo Carlos.

20 Forthlin Road

A primeira casa visitada foi a de Paul McCartney: um sobrado modesto, geminado, adquirido pelo National Trust em 1995. O interior não pode ser fotografado, infelizmente. As fotos internas publicadas aqui foram pesquisadas na internet.

Entramos pela sala, onde fica o famoso piano em que foram compostas tantas canções memoráveis. Confesso que fiquei emocionado!

Sala de estar da casa de Paul

Percorremos toda a casa, com mobiliário da época; inclusive o backyard (quintal), eternizado na capa do álbum Chaos and Criation in the Backyard, de Paul McCartney.

Nas duas casas, podemos ver alguns objetos que realmente pertenceram às famílias dos dois beatles, mas boa parte é reconstituição, a partir de fotos da época.

Fotos de 1963, de Dezo Hoffmann, na casa de Paul
20 Forthlin Road
Forthlin Road

De lá, mais alguns minutos e chegamos em Mendips, a casa onde John Lennon cresceu. Esta casa foi comprada por Yoko, em 2002, e doada para o National Trust, para essa finalidade.

Mendips é uma casa de três dormitórios, construída em 1933. Fica em uma avenida larga, só com casas grandes e bonitas. Na Inglaterra as casas são muito parecidas.  

Menlove Avenue
Mendips

Entramos pela lateral; a visita começou pelo quintal.

Mendips – ao fundo, depois da cerca, fica Strawberry Fields

Sem fotografias fica difícil lembrar os detalhes. Passamos pela cozinha, salas, armário com porcelanas da tia Mimi; subimos para os quartos, no andar superior…

Sala de estar em Mendips

Especial atenção para o pequeno quarto de John Lennon. A cama fica ao lado da porta; um armário embaixo da janela, ao pé da cama; nas paredes, posters de Elvis, Rita Hayworth e Brigitte Bardot. Uma extensão do aparelho de som que ficava na parte de baixo da casa.

A visita termina muito bem: somos convidados a testar a acústica do pórtico ou hall de entrada da casa, com painéis de vidro no estilo Art Nouveau, onde a dupla Lennon e McCartney gostava de ensaiar. As paredes vazias e vidros criavam o ambiente ideal para reproduzir o “som de banheiro” que eles queriam – foi o que nos disseram…  Aprovado!!!

Wings em Osterley Park

Em nossa ida a Londres, em 2019, aproveitamos para visitar o Osterley Park and House, em Isleworth, no oeste londrino.

Osterley House

É uma região bonita, relativamente perto do aeroporto de Heathrow. No centro de um parque imenso há um palácio neoclássico, aberto a visitação, o qual é administrado pela organização National Trust.

Nosso interesse especial neste parque vem do fato de ter sido o cenário de capas de discos e fotos de divulgação de Paul McCartney e Wings.

Em 1971, a capa do Wild Life, o álbum de estreia do Wings, foi fotografada nesse parque.

Depois de tanto tempo, é impossível encontrar o local exato da locação, mas pudemos observar que a vegetação da foto é típica dos lagos situados dentro do parque. Nessa área são comuns os troncos que se lançam sobre a água, de forma bem selvagem.

Uma foto de divulgação do álbum (contida no Archive Collection) traz a banda sentada em um tronco baixo, todo torneado. Encontramos um tronco parecido, 48 anos depois!

Fotos do Wild Life – Archive Collection

Quando se trata de vegetação, fica difícil afirmar com exatidão os locais retratados, mas com certeza a capa do álbum Band on the Run, de 1973, foi fotografada nos Stables da Osterley House, na parede lateral do edifício.

A parede indicada é a que aparece na cultuada foto. No dia que visitamos, estava obstruída, por isso não conseguimos tirar uma selfie a la McCartney.

Nos palácios britânicos, ao lado da mansão principal costumam ficar os estábulos (Stables).  Em Osterley, atualmente, os estábulos abrigam um café/restaurante para os visitantes, com mesas internas e ao ar livre, e também uma loja de presentes.

Osterley Stables

Este é um excelente passeio, se você estiver em Londres por mais tempo e quiser se aventurar e conhecer locais fora dos endereços consagrados.

Osterley Station – zona 4

Blackbird em Hamburgo

Perdemos o post original, por isso vamos recolocar apenas as fotos de nossa viagem a Hamburgo, na Alemanha, em setembro de 2017.

Os Beatles tocaram e se hospedaram no bairro chamado St. Pauli, entre 1960 e 1962 É lá que ficam os bares, restaurantes e a vida noturna de Hamburgo.

Beatles Platz – Reeperbahn esquina com Grosse Freiheit Strasse
Grosse Freiheit Strasse
Indra – 64 Grosse Freiheit Strasse
Local onde ficava o Star Club, que não existe mais
Kaiserkeller
Bar frequentado pelos Beatles nos intervalos das apresentações
136 Reeperbahn – Local do Top Ten Club, fechado em 1995
Bambi Kino – 33 Paul-Roosen Strasse – cinema onde dormiam, atrás da tela
22 Wohlwillstrasse – No pátio interno desta passagem fica a porta da foto de John Lennon – capa do álbum Rock ‘n’ Roll
Hotel Pacific, onde os Beatles se hospedaram em 1962
Beatles Platz

Penina

Penina, Penina,
Penina, one night. I’ve been to Aldebaran,
I had a good time there.
Then I came to Penina
And found good friends (…)

Você conhece a canção Penina de Paul McCartney, gravada originalmente pela banda portuguesa Jotta Herre e posteriormente por Carlos Mendes?
Em junho de 2019, tivemos a oportunidade de conhecer o local em que a música foi composta, em dezembro de 1968.

Paul estava de férias na Praia da Luz, no Algarve, hospedado na Quinta das Redes, onde também estava morando Hunter Davies, o autor da biografia autorizada dos Beatles.
Consta que Paul teria decidido ir até a discoteca Sobe e Desce, na praia de Carvoeiro, no entanto, no caminho, percebeu que só tinha libras e decidiu parar no Hotel Penina, em Alvor – Portimão, apenas para trocar libras por escudos.

Neste dia, o grupo Jotta Herre, formado por Aníbal Cunha, Rui Pereira, Carlos Pinto e José Carlos Flamínio, estava se apresentando no Penina. Durante o intervalo da apresentação, percebendo a presença de Paul e sua namorada Linda na recepção do hotel, o convidaram para tocar com eles. Era 1h30 da madrugada quando Paul começou a tocar piano e depois bateria com a banda, e foram até as 3h30. Tocaram vários standards e, no final da noite, Paul quis dar um presente ao grupo de músicos do Porto. Sentou-se ao piano e em pouco tempo compôs Penina.

Em nossa passagem pelo Algarve, conhecer o Hotel Penina era uma prioridade. É um hotel bem grande, que teve seus dias de glória, pois nos anos 60 era um dos únicos hotéis de luxo na região, contando inclusive com um belo campo de golf.

Ao chegar à recepção, fomos muito bem atendidos e logo nos mostraram o piano onde a canção foi composta, atualmente em exibição no saguão do hotel.

Vladimir e o Sr. Carlos

Conversamos bastante com o Sr. Carlos, tiramos várias fotos… Foi bem legal.

Hotel Penina
O famoso piano


De lá – continuando o passeio – fomos até a Praia da Luz, procurar a Quinta das Redes que hospedou McCartney.

Quinta das Redes

Cartão de Paul para Hunter Davies


A praia é muito linda e bastante procurada pelos turistas. A Quinta fica bem em frente à praia, no local de uma antiga fábrica de sardinhas, e provavelmente sofreu muitas modificações desde os anos 60. Além dos apartamentos, há um restaurante chamado A Fábrica, atualmente.

Praia da Luz – Lagos

Na parte interna do álbum McCartney há várias fotos tiradas nessa praia. Em algumas fotos alternativas, inclusive, é possível ver o rochedo na ponta da enseada.

Praia da Luz

Lyall Mews e proximidades

Belgravia é um bairro nobre de Londres, com propriedades caríssimas, muitas atualmente pertencentes a milionários de diversas partes do mundo. Nesse bairro, que figura entre os mais caros do planeta, encontramos as sedes de muitas embaixadas. Fica próximo do Palácio de Buckingham e também da famosa loja de departamentos Harrods (em Knightsbridge).

Nesse bairro, como já postamos anteriormente, morou Brian Epstein (24 Chapel Street).

Um dos nossos passeios teve como destino uma pequena rua sem saída chamada Lyall Mews, em Belgravia. Nessa viela, em 3 de julho de 1964, os Beatles fizeram uma sessão de fotos para a revista americana Saturday Evening Post.

Posaram com trajes típicos de businessmen ingleses: cartola, terno de listras, camisa branca, gravata cinza, sapatos pretos e luvas, segurando um guarda-chuva e o jornal The Times.

As fotos foram tiradas em frente à casa número 36, que fica quase no fim da rua.

O interessante dessa sessão de fotos é que, por alguma razão desconhecida, elas não foram usadas na publicação. A edição da revista de 8-15 de agosto de 1964 trouxe na capa uma foto tirada um mês antes (3 de junho de 1964), no Prospect Studios, tendo como cenário uma porta fake.  Mas as fotos na Lyall Mews também ficaram  bastante conhecidas dos fãs.

Nosso passeio não parou por aí. Andando mais um pouquinho, chegamos à Ovington Mews, n. 15, em Knightsbridge, onde ficava a casa que George Harrison alugou para Pattie Boyd morar, nos anos 1964-65, junto com uma modelo amiga. George era uma visita frequente, sobretudo porque morava no mesmo bairro nessa época (na William Mews).

Bem perto dali, virando a esquina, no número 27 da Ovington Square (último andar) fica o apartamento que George comprou  após a separação dos Beatles para servir de residência temporária em Londres.

Em 1994, quando surgiram imóveis vagos nesse prédio, George sugeriu que a Apple Corps mudasse para lá e, até hoje, o endereço continua abrigando a Apple, embora não haja nenhuma placa indicativa.

De lá fomos à estação de metrô de Sloane Square, em Chelsea… Mais um endereço ligado ao início da carreira dos Beatles. O Royal Court Hotel, atual Sloane Square Hotel, foi a primeira base do grupo em Londres, em 1963.

Em fevereiro de 1963, o fotógrafo Cyrus Andrews fez várias fotos dos Beatles na Sloane Square: no lobby do hotel, na praça e em frente ao Royal Court Theatre. Abaixo reproduzimos algumas…


A penúltima sessão de fotos dos Beatles

Richmond (e arredores) é uma de nossas regiões preferidas em Londres. O local é elegante,  alegre, os passeios à margem do Tâmisa, nesse ponto oeste da cidade, são muito prazerosos, especialmente para quem gosta de fotografia … Sem falar nos imensos parques…

A semana passada aproveitamos o dia de sol para perambular pelo lugar onde foi feita a penúltima sessão de fotos dos Beatles.

O ensaio fotográfico foi feito por três fotógrafos, do outro lado da Richmond Bridge, em East Twickenham, em 9 de abril de 1969.

As primeiras fotos mostram o grupo junto ao Roll-Royce de John Lennon e foram feitas no Madingley Club, um clube de jazz à margem do rio que não existe mais.

Percorrendo a Willoughby Road, chegamos ao local onde ficava o clube. Atualmente há ali um prédio de três andares chamado Madingley Court.

No pátio ao lado do edifício identificamos o provável lugar da primeira parte do penúltimo ensaio fotográfico.

Na foto dos Beatles, podemos ver com nitidez a outra margem do rio, em Richmond, com o renomado pub White Cross ao fundo. Entretanto há uma pequena ilha no meio do rio cuja vegetação, dependendo da estação do ano, prejudica completamente a visão. Como estamos no inverno, foi possível ver algum coisa.

O local agora é fechado com um portão, então não pudemos nos aproximar muito.

Vista parcial do fundo da foto dos Beatles (margem do rio em Richmond)

Seguindo pelo Ducks Walk (caminho dos patos) – uma passagem estreita só para pedestres – procuramos o número 4, que, segundo pesquisamos, foi o ponto em que os Beatles entraram no barco. Impossível acessar o rio por ali, atualmente, pois é uma propriedade privada totalmente fechada.

No único acesso aberto, tivemos uma ótima visão do rio e da ilha em frente (Corporation Island), que serviram de cenário para várias fotos dos Beatles.





Continuando pelo Ducks Walk, embaixo da ponte ferroviária encontramos o barco Fritz Otto ancorado, um remanescente da sessão de fotos de 1969. Observe o nome visível na canoa…

O lugar certamente mudou bastante desde aquela época, está muito mais habitado e privativo. A vista, no entanto, continua bela.

De lá, continuando o passeio por Twickenham, fomos até os famosos estúdios. Mas esse é um assunto para um próximo post.

Alguns teatros ligados aos Beatles

O Saville Theatre funcionou de 1931 a 1970 na Shaftesbury Avenue, em Convent Garden. Em abril de 1965 foi alugado por Brian Epstein, para apresentações de artistas promovidos por ele.

Os Beatles nunca se apresentaram nesse teatro, mas vieram ao local para assistir a shows de artistas como The Who, Jimi Hendrix e Procol Harum.

Tinham até camarote (Royal Box), sala de descanso e uma entrada particular para o teatro, que foi fechada em 1970, quando o teatro foi convertido em cinema.

Os Beatles estiveram no Saville em várias outras oportunidades ainda: em ensaios, na entrevista coletiva de 26 de outubro de 1965, após receberem os títulos de MBEs no palácio de Buckingham.

Os vídeos promocionais do single Hello, Goodbye, dirigidos por Paul McCartney, em 10 de novembro de 1967, foram gravados no Saville Theatre.

O espaço continua sendo um cinema, o Odeon Covent Garden, só que totalmente modificado, tendo agora várias salas.

O Mercury Theatre fica no número 2 da Ladbroke Road, em Notting Hill, bem próximo da famosa Portobello Road.  Nesse teatro foram feitas algumas fotos do MAD DAY OUT( segunda locação).

O prédio, construído em 1848, é muito bonito. Atualmente é uma propriedade particular,  mas ostenta duas placas azuis informando sobre seu passado.


Old Vic Theatre, na esquina da The Cut com a Waterloo Road (South Bank), era sede do National Theatre nos anos 60. Nesse palco foi apresentada a adaptação para teatro do livro de John Lennon, In His Own Write. O ator Victor Spinetti (foto abaixo), grande amigo do grupo, foi o coautor da adaptação e diretor da peça.

John compareceu à estreia, em 18 de junho de 1968, com sua nova namorada Yoko Ono. Foi a terceira aparição em público do casal.

Assista ao vídeo da época:

John Lennon = Old Vic Theatre

Paul já havia estado no Old Vic em 1966, para assistir à montagem da peça Juno and the Paycock, de Sean O`Casey.

O premiado ator Ralph Fiennes (da Lista de Schindler e O Paciente Inglês) está em cartaz no Old Vic no momento…

Outro teatro ligado à carreira do Beatles é o Playhouse Theatre, na Northumberland Avenue, próximo à Trafalgar Square. Nos anos 50, a BBC comprou este teatro para usá-lo como estúdio de rádio, com apresentações ao vivo. Entre janeiro de 1963 e janeiro de 1964, inclusive, os Beatles realizaram 13 sessões de gravação para programas da BBC Radio. Cinco dessas sessões foram com audiência.

O teatro fechou nos anos 70; foi totalmente restaurado e reaberto em 1987.

A casa de Mick Jagger em Wilmington

Em nova visita à cidade de Dartford, a terra natal de Mick Jagger e Keith Richards, aproveitamos para conhecer a região de Wilmington. Foi nesse bairro que Mick Jagger morou na adolescência e juventude.

A casa onde a família residia fica em uma travessa da rua principal (High Road) chamada The Close. Como o próprio nome diz, é uma rua sem saída, com casas de ótimo padrão, com amplos jardins.

Conseguimos identificar a casa de Jagger pelo nome: Newlands. Em nenhum lugar, na net, havia referência ao número (24).

O quintal da casa

Também não encontramos imagens… Apenas uma foto de Mick com o pai e o irmão Chris que parece ter sido tirada em frente à casa.

Creio que os habitantes locais, embora tenham orgulho do conterrâneo famoso, desejam garantir um pouco de sossego…

Wilmington é um bairro bonito, extremamente residencial, arborizado, com algumas construções históricas.

The Close - a rua onde viveu Mick Jagger

Após uma voltinha pela neighbourhood, aproveitamos para conhecer uma das referências locais, o pub The Plough, que fica bem próximo à antiga casa de Mick Jagger.

Bem simpático e acolhedor!

No post de 2012 mencionamos a estação de trem de Dartford, um lugar emblemático para a banda Rolling Stones.


Na plataforma 2 da estação, atualmente, há uma placa comemorativa no lugar do reencontro de Richard e Jagger, em 17 de outubro de 1961.