Um pouco mais sobre as locações de “Help!”

Londres está cheia de locais que serviram de locação para os filmes dos Beatles. Na região central, no nº 167 da New Bond Street, em Mayfair, rua famosa pelas grifes de luxo, fica a joalheria que aparece em Help!, à qual Ringo se dirige na tentativa de tirar do dedo o anel do sacrifício. Chama-se Asprey.

Não mudou quase nada. Compare:

Não muito longe dali, em Marylebone, visitamos o local onde ficava o Restaurante Rajahama, aquele em que John tira uns óculos e depois um “season ticket” (ingresso para temporada) do prato de sopa. O restaurante está localizado na Blandford Street nº 8, próximo à Marylebone Hight Street. Já passou por diversas reformas que modificaram completamente sua fachada. Atualmente pertence à rede Giraffe.

Comparando a imagem da esquina (ao fundo) em Help! e atualmente, percebemos que quase nada mudou em volta, embora o ângulo da nossa foto não seja exatamente o mesmo. Aliás, a perua que vende sorvetes ainda não foi aposentada por aqui. Em nosso bairro, no verão, sempre passa uma van semelhante, tocando uma música característica para chamar a atenção das crianças.


Bem, “I can’t say no more“…  Mas os “cenários” dos filmes ainda não acabaram. Em breve a continuação.

A Segunda Geração (2)

Sean Lennon


O filho de John com Yoko está no caminho da música desde bem cedo. Sua estreia em disco foi aos 6 anos, recitando um poema no disco que Yoko gravou em 1981, Season of Glass.
Compôs com Lanny Kravitz e logo formou sua primeira banda, a IMA, em 1995, basicamente para acompanhar Yoko em seus trabalhos. Gravou e tocou ao vivo com o grupo Cibo Matto até lançar seu primeiro trabalho individual, Into The Sun, em 1998.

Em 2006 lançou seu segundo disco solo, Friendly Fire, no qual mostra acentuado desligamento do mundo alternativo excessivamente influenciado por Yoko e nos apresenta um pouco mais do que seu pai pode ter lhe deixado como herança em seu DNA.

Ouça esta faixa do álbum Friendly Fire: Wait For Me – Sean Lennon

Sean tem mantido uma carreira de músico de estúdio para vários artistas, produtor musical (inclusive para Yoko), trilhas sonoras para filmes, além de ter seu próprio selo, denominado Chimera.
Sean foi o responsável pelo lançamento internacional de um CD tributo a Arnaldo Batista. Em outubro de 2000, no Free Jazz Festival, no Rio de Janeiro, Sean convidou Arnaldo a subir ao palco e cantar com ele “Panis Et Circencis” em inglês, no final de sua apresentação.

Dhani Harrison


Todos conhecemos o filho de George, como músico, pela sua participação na conclusão do álbum Brainwashed, junto com Jeff Lynne, com material que George, infelizmente, não teve tempo para finalizar.
Um pouco depois, no maravilhoso concerto em homenagem ao pai, Dhani esteve no palco acompanhando todos os grandes amigos de George que lhe prestavam ali seu tributo. A semelhança física de Dhani com George é tanta que Paul durante o show faz uma brincadeira dizendo que todos ali, velhos amigos e conhecidos, tinham envelhecido e apenas George se mantinha com aparência jovem.
Dhani, na verdade, já tem uma carreira individual há algum tempo. Seu grupo thenewno2 (The New Number 2) gravou um EP e um CD, lançados em 2007, e, em setembro deste ano lançou mais um EP. Todos disponíveis apenas para download na NET.

Ouça: So Vain – Thenewno2

James McCartney

O filho de Paul também já se iniciou na carreira de músico. E na verdade com um pequeno (!!!) empurrãozinho do pai. Em 1997, James é creditado pela sua participação como guitarrista no disco Flaming Pie de Paul e, em 2001, novamente é creditado na ficha técnica do álbum Driving Rain, mas agora não só como músico. James é também coautor de duas das faixas do disco.
Em 2010, James McCartney lançou seu primeiro EP, Available Light, com quatro composições suas e uma regravação de “Old Man”, de Neil Young, disponível apenas para download na NET. Após críticas positivas e boa recepção, James retornou agora e lançou outro EP, Close At Hand, com mais seis composições suas – e produção de Davis Khane e Paul McCartney.

Ouça uma das faixas: I Only Want To Be Alone – James McCartney

Para o próximo dia 8 de novembro está programado o lançamento do CD The Complete EP Collection, uma compilação desses dois EPs acrescidos de 5 faixas bônus inéditas, uma delas inclusive é uma canção composta por James em homenagem ao pai: “I love you Dad”; além de um cover de Carl Perkins, “Your true love”.

A Segunda Geração

Zak Starkey

O filho de Ringo não tem até hoje nenhuma gravação solo.
Como baterista, no entanto, tem tido uma carreira marcada por estar constantemente acompanhando figuras do alto escalão do cenário do rock: Spencer Davis Group, Ringo Starr and His All-Starr Band (assisti ao show deles em Cincinnati, US, em 1992, com Zak na bateria!), The Who, Oasis…
Zak e Keith Moon
A relação de Zak com o Who vem de longa data. Foi Keith Moon, baterista do Who e seu padrinho, quem lhe deu de presente o primeiro kit de bateria, contrariando o pai, que gostaria de ver o filho encaminhado em outra carreira que não a de músico.
Zak vem acompanhando o Who há muitos anos, em suas apresentações ao vivo (a primeira em 1996, quando o grupo se reuniu para a apresentação completa da obra Quadrophenia, seguida de uma turnê pelos Estados Unidos e Europa), embora nunca tenha aceitado o convite de Pete Townshend e Roger Daltrey para se juntar oficialmente ao grupo. Talvez porque Zak prefira estar sempre disponível para outras participações em discos e shows de outras bandas.
Townshend e Daltrey chegaram a declarar que Zak é o melhor baterista que o Who já teve desde a morte de Keith Moon. Um elogio dos mais significativos, considerando o padrão de exigência de uma banda como The Who, e tendo em vista que Moon sempre esteve entre os mais votados em qualquer eleição do melhor baterista do rock de todos os tempos!
Em 2004, Zak atendeu ao convite dos irmãos Gallagher e participou da gravação do álbum Don’t Believe The Truth, lançado naquele ano pelo Oasis, assim como também foi o baterista da banda em toda a excursão que se seguiu, em 2005.
Zak no Oasis
Julian Lennon
O primeiro filho de um Beatle que se lançou de corpo e alma na carreira de músico.
O início da carreira de Julian pode ser tomado como sendo sua participação no álbum Walls and Bridges de John, em 1974. Então com 11 anos, Julian toca bateria em uma pequena brincadeira que John faz com o filho em uma gravação de “Ya Ya“.
No início dos anos 80 Julian obteve grande sucesso, principalmente com seu primeiro álbum Vallote que continha o single “Too Late For Goodbyes” . O rock estava de luto com a morte de John e a figura semelhante, o timbre de voz e o sobrenome foram decisivos para uma imediata aceitação do trabalho de Julian. Mas é muito difícil ser o filho de um ídolo desaparecido, principalmente com a marca da genialidade de John Lennon.
Após um início de carreira bem frenético: discos, excursões, TV, cinema, shows, participações as mais diversas, Julian se aquietou após o lançamento de seu último álbum, em 1998 – Photograph Smile.

Em 2009, Julian retornou ao estúdio de gravação e lançou um single beneficente, “Lucy”, em homenagem a Lucy Vodden, após sua morte por uma doença chamada lupus. Em 1967 Lucy, colega de Julian na escola, foi a personagem do desenho que veio a inspirar John para a composição de “Lucy In the Sky With Diamonds“.

Julian acaba de lançar o CD Everything Changes.
Em breve, a continuação, com Sean Lennon, Dhani Harrison e James McCartney.

Endereços dos Beatles em Londres (2ª parte)

Quando deixaram o apartamento da Green Street, ao término do contrato de um ano, Ringo e George dividiram um apartamento no Whaddon House, um prédio meio escondido, que fica em uma rua sem saída chamada William Mews, travessa da William Street, em Knightsbridge. Esse bairro, muito elegante, fica relativamente próximo do Palácio de Buckingham e de uma região cheia de embaixadas.
O último andar desse prédio era habitado por Brian Epstein desde 1963 e George e Ringo mudaram-se para um outro apartamento em 1964. Tivemos alguma dificuldade para encontrar o local, porque não figurava em nosso mapa, por ser uma rua particular.
Quando estávamos fotografando, um casal relativamente idoso que saía do prédio, acompanhado de uma senhora mais idosa ainda, mostrou-se interessado no motivo das fotos. Explicamos que aquele tinha sido um dos primeiros Beatle endereços em Londres, e comentamos sobre o nosso blog.


Pois bem, eles não só sabiam, pois moravam ali desde aquela época, como também nos deram uma dica para ilustrar o blog: a foto de George em seu Jaguar, que tinha sido tirada naquela rua, em frente ao prédio. Fomos procurar a foto e, yes… lá estava o edifício (ou parte dele, ao fundo, à esquerda)! De acordo com o casal, Ringo e George moraram no último andar, ao lado de Brian Epstein, informação que contraria o afirmado na biografia de Paul, Many Years From Now, segundo a qual o apartamento ocupado por eles seria o do andar de baixo. Whatever


Algumas quadras dali, no nº 24 da Chapel Street, em Belgravia – o bairro das embaixadas – fotografamos o prédio para onde Brian Epstein se mudou em janeiro de 1965 e residiu até sua morte em 1967. Nesse apartamento, no último andar do edifício, foi realizada a festa de lançamento do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, em 19 de maio de 1967. Nesse evento ocorreu o segundo encontro de Paul e Linda, convidada por Paul como fotógrafa. São dessa data suas primeiras fotos dos Beatles.

Beatles no lançamento do álbum Sgt Pepper's - foto tirada por Linda
Beatles no lançamento do álbum Sgt Pepper's - foto tirada por Linda

O próximo endereço de Ringo foi o apartamento de dois andares – térreo e subsolo – do nº 34 da Montagu Square, em Marylebone. Embora Ringo tenha residido pouco tempo nesse endereço, manteve o apartamento por alguns anos, cedendo-o inclusive para Jimi Hendrix por um período, e depois para John Lennon e Yoko Ono, que moraram ali por alguns meses. As fotos da capa do álbum Two Virgins foram tiradas nesse apartamento.

O prédio foi catalogado como English Heritage por seu valor histórico e atualmente há uma placa afixada informando que John residiu no local em 1968. Ringo acabou vendendo seus direitos sobre o imóvel em 1969, depois de a polícia ter encontrado drogas no apartamento, no incidente que culminou com a prisão de John.

Bem, esses são endereços de moradia dos Beatles e de Brian Epstein na parte central de Londres. As demais casas em que residiram ficam fora da cidade. Se conseguirmos visitar, postaremos aqui.

P.S.: Encontramos algumas fotos dos Beatles nos lugares mostrados aqui. Enjoy!

24 Chapel Street

34 Montagu Square


34 Montagu Square

Crosby & Nash no Royal Albert Hall

Já estive em Londres algumas vezes, mas em nenhuma delas tive a oportunidade de conhecer por dentro um dos locais mais iconizados como palco de bons concertos de rock, o Royal Albert Hall.
Desta vez, David Crosby e Graham Nash me proporcionaram a oportunidade que sempre faltou. Crosby afirma durante o show que este é o melhor local do mundo para se tocar. Não posso avaliar essa afirmação sob o ponto de vista do artista no palco, mas como espectador o ambiente realmente impressiona pela arquitetura, amplidão e principalmente pela perfeita acústica para apreciar música.
Os Beatles poucas vezes tocaram no Royal Albert Hall, apenas no início da carreira, como em 15 de setembro de 1963, quando pela primeira vez os Beatles e os Rolling Stones participaram do mesmo evento (The Great Pop Prom); ou ainda em 18 de abril de 1963, na apresentação para a BBC em que Paul McCartney conheceu Jane Asher.
O incrível Concert for George, em 29 de novembro de 2002, também foi nesse palco, e imagino como deve ter sido emocionante assistir, ao vivo, em um ambiente tão nobre, à mais sincera e tocante homenagem já prestada a um artista.


Para falar da apresentação de Crosby e Nash preciso começar por Paul McCartney. Macca já declarou mais de uma vez que a forma que ele usa para selecionar o repertório (set list) de seus shows é baseado na expectativa que ele, Paul, teria ao assistir a um show de qualquer artista famoso. Ele se coloca na posição de um indivíduo qualquer pensando: “o que eu gostaria de ver fulano de tal tocando neste show”.
Talvez por essa razão os shows de Paul, para quem os assiste com frequência (os fãs assíduos), tornam-se repetitivos (Let It Be, Long and Winding Road, Hey Jude, Yesterday, Band on The Run…). Eu, por exemplo, vivo reclamando disso… Entretanto, as pessoas, que não os fãs inveterados, gostariam de ver o show montado com as músicas que elas mais conhecem, invariavelmente os hits do artista. Macca tem razão!

Fui para o Royal Albert Hall tendo na cabeça as canções que mais gosto de Nash e Crosby. Curto profundamente a obra desses caras (incluindo as formações com o Stills e o Young), mas não sou um típico fã de carteirinha. Tenho, acredito, a grande maioria dos discos deles e portanto conheço sua obra de forma quase completa. Mentalmente criei meu set list para o show. Boa parte do que eles tocaram coincidiu: “I used to be a king”, “Almost cut my hair”, “Guinnevere”, “Chicago”, “Just a song before I go”, “Teach your children”…
Mas não deixei de ficar frustrado ao ver que muito espaço do show foi preenchido com canções que, nem de longe, estão na minha lista de preferências e muito menos fazem parte das mais conhecidas deles. Crosby em um momento declara: “Eu sou o cara que, em qualquer banda que esteja, tem o trabalho de escrever as estranhas porcarias” (tradução quase literal de sua frase: Everybody here knows that whatever band I’m in, I have the job to write the weird shit). E Crosby tem um espaço enorme no show…

As formas de composição mais estranhas de Crosby sempre serviram para ser o contraponto ao estilo mais melódico de Nash. Está nesse equilíbrio, talvez, o segredo da longevidade bem-sucedida da dupla. Para cada “Teach your children” de Nash há sempre algum “Almost cut my hair” de Crosby e para cada “Guinnevere” de Crosby tem sempre algum “Our house” de Nash.
Invariavelmente os arranjos colocaram um “peso” maior no tratamento de canções já elétricas (“Military madness”, “I used to be a King”) e ficou em segundo plano o lado mais acústico da dupla.


Duas excelentes surpresas: “Eight miles high” dos Byrds na abertura do show: excepcional! E, após o intervalo (isso mesmo, parece que no Royal Albert Hall sempre há um intervalo de cerca de 20 minutos para se tomar um “pint” de cerveja), abrindo a segunda parte, Nash convidou Allan Clarke, antigo companheiro no grupo Hollies e os dois cantaram juntos “Bus Stop”, hit da banda de 1966. Nash logo em seguida classificou a música como um “nonsense”, mas a platéia – quase 100% de “seniors” – adorou e cantou junto.
David Gilmour, amigo de todos, foi mencionado duas vezes. A primeira quando o show foi dedicado a ele e a segunda quando Nash, apresentando os membros da banda, informou que o baterista, Steve DiStanislao, foi “roubado” do grupo que acompanhava Gilmour. Os outros membros do grupo são Dean Parks (guitarra), Kevin McCormick (baixo), e o filho de Crosby, Jeff Raymond (teclados).
Para encerrar, “Wooden Ships”, exageradamente alongada pelos momentos de solo de cada instrumento da banda: gaita, baixo, guitarra, teclado. Meio “boring” (desculpe, Pepe!).
No bis, para todos saírem com sorrisos nos lábios, eles tocaram “Chicago” do primeiro disco solo de Nash e, em seguida, “Teach your children”. Essa não poderia faltar!!

Veja o set list:

1.  Eight Miles High   2. I Used to Be a King 3.  Long Time Gone   4.  Marrakesh Express    5.  Lay Me Down 6.   Old Soldier 7.   Just A Song Before I Go   8.  Slice Of Time (música nova de Crosby)  9.   Don’t Dig Here 10.   Critical Mass 11.   Wind On The Water 12.   Almost Cut My Hair 13.   Bus Stop  (com Allan Clarke) 14.   Our House  15.   Guinnevere   16.   In Your Name 17.   What Are Their Names? 18.   They Want It All 19.   Taken at All 20.   Orleans 21.   Cathedral    22.   Deja Vu   23.   Military Madness 24.   Wooden Ships    Bis: 25.   Chicago 26.   Teach Your Children

Just Married

Sir Paul e Nancy Shevell casaram-se na tarde de hoje (data em que John Lennon faria 71 anos), no Marylebone Register Office, com a presença de 30 convidados, entre eles Ringo Starr.


Mais tarde, na recepção em sua casa na Cavendish Avenue, Paul deverá cantar uma canção inédita, dedicada a Nancy. Um presente e tanto, não acham?

 Sorte também dos fãs que esperavam em frente ao cartório e foram saudados por Macca e sua esposa.

Comentários sobre o filme “Living In The Material World”

O documentário de Martin Scorsese sobre George Harrison – Living In The Material World – teve ontem (4/10) um dia único de exibição em várias salas de cinema da Inglaterra. Compramos nosso bilhete com antecedência, na Internet, para um cinema em Stratford – bem próximo ao local onde está o novo estádio olímpico e em uma região que está sendo preparada (modernizada) para as Olimpíadas de 2012 em Londres.
Horário do filme: 19:00h, sessão única – bem adequado, considerando que são quase três horas e meia de projeção (208 minutos). Chegamos com antecipação suficiente para uma “voltinha” no imenso Shopping Centre (sim, na Inglaterra é “centre” e não “center”) recém-inaugurado na região e para uma pizza antes do filme.
Cinema lotado, sessão completamente sold-out.

Vamos ao filme:
De certa forma, como já imaginava, o filme causou sensações as mais diversas: surpresa com algumas cenas/imagens que não conhecia, em especial, trechos da excursão de George em 1974 – Dark Horse, pelos Estados Unidos, filmados profissionalmente; lágrimas de satisfação/alegria ao ver algumas imagens tão ternas de um “amigo” não mais presente; repúdio ao ver a presença patética de Yoko, que não tem nada a comentar sobre George… e não perdeu a chance de ironizar sobre Paul; estranheza ao ver que a primeira pessoa/artista a aparecer na tela é um Clapton assumido como “o amigo” de George… estranheza ainda pela falta de qualquer depoimento do amigo e parceiro Jeff Lynne e também de Bob Dylan.
Dividido em duas partes (os dois DVDs), separadas por pequeno intervalo, o filme foca inicialmente o período do George Beatle e em seguida o período de transição e a vida solo.
São 3 horas e meia deliciosas para quem gosta do homem/artista e acompanhou a sua carreira, mas ficarão muitas lacunas caso o objetivo seja “conhecer” a trajetória musical de George. Não há qualquer preocupação com cronologia, muito pouco é mostrado sobre a real contribuição de George para a obra dos Beatles, e o filme também se excede na fixação do álbum All Things Must Pass como a obra máxima de Harrison, em detrimento de outras coisas maravilhosas que ele produziu posteriormente.
Para um leigo, George pode ser entendido, por este filme, como o artista/compositor que, sem o devido espaço, não conseguiu produzir tudo o que desejava enquanto fazia parte dos Beatles e que, logo em seguida à separação da banda, produziu a grande obra de sua vida e que, a partir daí, nos trinta anos que se seguiram, passeou bastante, meditou muito, acompanhou corridas de Fórmula 1, esbanjou dinheiro na produção de filmes sem apelo comercial, distribuiu ukuleles, cultivou seu jardim, e que apenas eventualmente pegava em sua guitarra para compor algo. Após o período All Things Must Pass, Bangladesh, Living In The Material World (1970-1973) há poucas referências a canções de George e nada mais sobre os outros álbuns, apenas menção aos Traveling Wilburys. Cloud Nine, um enorme sucesso comercial e de crítica, sequer é mencionado.
Resumindo:
Scorsese montou um enorme filme para falar de George a pessoas que já amavam George antes de entrar no cinema. Mas os 208 minutos, em nenhum momento entediantes, não foram suficientes para conquistar pessoas. George Harrison merece muito mais do que esse filme.

Endereços dos Beatles em Londres (1)

Nas últimas semanas visitamos vários endereços residenciais dos Beatles, localizados na parte mais central de Londres, chamada de Inner London.

Pertinho do Hyde Park – uma imensa área verde localizada no centro de Londres – na Green Street, nº 57, encontra-se o prédio para onde os quatro Beatles se mudaram em 1963, após algum tempo residindo no Hotel President, em Russell Square. Foi o único endereço compartilhado pelos quatro, ainda que John, Cyntia e Julian tenham logo se mudado para uma casa só deles, no nº 13 da Emperor’s Gate, em Brompton (já demolida).

Paul detestava morar no apartamento da Green Street, porque – quase sem mobília, tendo apenas camas – faltava-lhe um toque familiar. Assim, em 1964, ele se mudou desse endereço para a casa da família de sua namorada, a atriz Jane Asher – um prédio inteiro, de seis andares, localizado no nº 57 da Wimpole Street (fotos abaixo). Paul morava no sótão da casa, a qual era habitada também pelo médico Dr. Asher, sua esposa Margaret, professora de música, e pelos irmãos Peter (da dupla Peter and Gordon) , Jane e Clare. Nesse local, na pequena sala de música que ficava no porão, foram compostas várias canções de Lennon-McCartney, como “I want to hold your hand”, “And I love her”, “Eleanor Rigby”, entre muitas outras, e também a melodia de “Yesterday”, ainda com a inusitada letra e título provisório de “Scrambled Eggs”.



Para brincar com o público, recentemente, em dezembro de 2010, no Teatro Apollo, em New York, Paul cantou um trechinho com a letra original.

Ouça: Scrambled Eggs (live Apollo) – Paul McCartney

Só como curiosidade, Jane Asher continua atuando, e atualmente pode ser vista em uma peça em cartaz na cidade (Londres). Dedica-se também à culinária/gastronomia, tendo uma empresa que produz bolos para festas (Jane Asher Party Cakes). Seu nome tem aparecido bastante nos jornais londrinos, e o interessante nas entrevistas concedidas por ela é que, apesar de comentar fatos relacionados à sua família e ao começo de sua carreira, não há qualquer referência ao seu relacionamento com Paul McCartney. Jane nunca quis tirar proveito do fato de ter sido noiva de um beatle e Paul também nunca comenta nada sobre essa relação.

Desde 1966, McCartney reside na Cavendish Avenue nº 7, no elegante bairro chamado St. John’s Wood, próximo à Abbey Road. Tão próximo que Paul costumava ir a pé para os estúdios da EMI, bem à vontade, de chinelo. McCartney está descalço na capa do álbum Abbey Road, mas existem fotos alternativas, deixadas de lado, em que ele aparece de chinelo, como abaixo.




Paul e sua futura esposa Nancy forneceram esse endereço, no bairro de St. John’s Wood, nos proclamas de casamento. Provavelmente continuarão residindo lá quando estiverem em Londres.



7 Cavendish Avenue
7 Cavendish Avenue

Aguarde o post com a continuação.

“Why Music Matters”

Assista ao vídeo abaixo, que faz parte da campanha Music Matters (Música Importa), do animador Lee Gingold e amigos, mostrando a presença da música dos Beatles em nossas vidas. 

De forma sutil, a campanha visa combater a pirataria na música e teve o apoio de Paul McCartney, Ringo Starr, Yoko Ono e dos herdeiros de George Harrison.

E quanto a você? A música dos Beatles marcou muito a sua vida?

Saiba mais sobre a campanha no site http://www.whymusicmatters.org/

Ocean’s Kingdom

Foi ontem, dia 22/09/2011, a estreia de Ocean’s Kingdom, o novo trabalho de Paul McCartney, executado pelo New York City Ballet, no Lincoln Center, em New York.

O espetáculo – com duração de 50 minutos – o qual abriu a temporada de Outono, teve a presença de Paul e sua noiva Nancy, além de inúmeros convidados famosos.
Essa é a primeira incursão de McCartney no mundo da dança, e contou com a colaboração do diretor e coreógrafo Peter Martins e regência de Fayçal Karoui; a filha de Paul, a famosa estilista Stella McCartney, foi a responsável pelos figurinos.

Como sempre, os comentários dos críticos que assistiram à estreia não foram propriamente elogiosos. Mas vocês sabem… por ser sua primeira composição para balé, o caminho mais fácil sempre será considerá-la simplista, trabalho de principiante…

O importante para os fãs de McCartney, entretanto, é que o CD e o vinil serão lançados no próximo dia 03 de outubro, e então teremos a chance de conferir… e, a julgar pelo trailer da apresentação, apreciar toda a beleza e delicadeza do romance idealizado por Paul nas profundezas do oceano.

 

Assista à entrevista de Paul para a BBC:

http://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-15017657

Por ora, para comemorar a chegada do Outono aqui no hemisfério Norte, vou tomar uma cerveja num pub aqui perto, The Royal Standard, que às sextas-feiras tem música ao vivo. Rock, naturalmente. See you!