Going down to Golders Green

Estar em uma cidade como Londres por um tempo mais longo como estamos nos permite sair do lugar comum dos passeios quase obrigatórios que todo visitante faz. A gente consegue perder um pouco a sensação de turista.
Sair pela cidade completamente fancy free é uma ótima opção. Outra alternativa é alterar repentinamente o roteiro de um passeio programado sem ter a exata noção dos caminhos a percorrer.
Outro dia, queríamos, por exemplo, conhecer um parque de onde se tem a melhor vista de Londres: Hampstead Heath. Quando já estávamos no metrô nos dirigindo para lá, percebi que a estação seguinte à que iríamos descer era Golders Green.

Imediatamente lembrei-me de que Golders Green era o bairro no qual morou durante um tempo a banda Badfinger, justamente no período em que o grupo estava mais ligado à Apple. A casa onde residiam servia de espaço para ensaios, novas criações e arranjos. George Harrison frequentou esta casa quando estava produzindo o álbum Straight Up da banda, lançado em 1971.
George inclusive compôs e gravou uma canção “Going down to Golders Green”, um interessante rocker que até hoje continua oficialmente inédito. A letra, meio engraçada, conta que ele ia lá a trabalho, de limousine…

Ouça: Going Down To Golders Green (Finalized Edited Version) – George Harrison

Eu tinha Golders Green na memória por conta dessa canção e tinha também o endereço da casa utilizada pelo Badfinger por ser o nome do primeiro disco solo de Pete Ham – principal cantor, compositor e guitarrista do grupo – 7 Park Avenue. E mais, o segundo disco solo de Pete foi intitulado Golders Green. Esses dois álbuns são de material de ensaios e demos que ele fazia no estúdio montado na casa e foram ambos lançados postumamente. Pois bem, fomos para lá…

                                                                                                                                                                                   Muito fácil achar, pois logo na estação de metrô pudemos ver pelo mapa da região que a Park Avenue ficava a apenas uma pequena caminhada de distância.


Documentamos, com várias fotos, a rua e a frente da casa… não sem sentir um certo constrangimento, afinal, o que os moradores iriam pensar de um casal que de repente chega e começa a fotografar uma região a qual (a não ser por uma “beatle razão” que eles devem desconhecer…) não tem nada a ver com o circuito turístico da cidade?!

Aparentemente, comparando com a capa do álbum, a casa se mantém do jeito que era. O lugar é bonito, bem residencial, relativamente próximo de uma das extremidades do parque que buscávamos originalmente.
Encontrado o parque, lá fomos nós, a pé, para talvez a maior caminhada de todas as que empreendemos ultimamente, através dos bosques que levam a um dos maiores charmes desta cidade, a Kenwood House, em Hampstead Heath. Só para complementar, essa mansão e seus jardins foram utilizados como locação no filme Um Lugar Chamado Notting Hill, nas cenas em que Anna Scott (Julia Roberts) está gravando um filme de época, baseado em uma obra de Henry James… Muito legal!

Kenwood House - Hampstead Heath

Casamento em breve

Sir Paul McCartney deu entrada nos documentos para se casar com a nova-iorquina Nancy Shevell, de 51 anos. Os proclamas foram divulgados na última quarta-feira, no Cartório de Westminster, no centro de Londres, o mesmo cartório em que McCartney se casou com Linda, em 12 de março de 1969.

Clique na imagem para ampliar

Oficialmente, o casal tem o prazo de um ano para se casar, a partir de 1º de outubro, mas os rumores são de que o casamento deverá ocorrer no próximo mês, com uma cerimônia íntima, apenas para os familiares.

De acordo com os jornais locais, Paul não aceitou assinar um acordo pré-nupcial. Foi assinado apenas um documento (de uma página) visando à proteção dos direitos de seus filhos e netos.

Westminster Register Office

Fotos publicadas no jornal Daily Mail de 16/09/11.

3 Savile Row

Em janeiro de 1974 fiz minha primeira visita à Inglaterra (Londres, Liverpool…). Foram trinta dias que deixaram lembranças muito boas e que também permitiram documentar alguns locais que não mais estão da forma original.
O prédio da Savile Row nº 3 é um deles. Essa rua, bem no centro comercial de Londres, e que ainda nos dias de hoje é conhecida pelos seus ateliês de alfaiates famosos, foi escolhida pelos Beatles para ser o endereço da Apple. O prédio de nº 3 foi ocupado pelos escritórios da empresa e o subsolo (ou “basement”, como se diz por aqui) foi adaptado para ali funcionarem os estúdios da gravadora.

Postcard oficial da Apple com fachada do prédio
Detalhe do filme Let It Be - show do telhado
Como todos já devem saber, nesses estúdios foi filmada a segunda metade de Let It Be, e o topo do prédio foi o palco do último show ao vivo dos Beatles, em 29 de janeiro de 1969. 🙁 !
Com a separação da banda e os interesses particulares dos quatro entrando em conflito, a Apple foi deixada aos cuidados de outras pessoas e o prédio da Savile Row nº 3 foi então desocupado, em 1973.
Os novos ocupantes iniciaram grande reforma do prédio todo. Coincidentemente, assim como atualmente, em 1974 o edifício também estava totalmente coberto por andaimes. Apenas a porta de entrada estava desimpedida e permitia a entrada dos trabalhadores; a diferença é que, por felicidade minha, em 74 a porta original, que aparece no filme Let It Be, ainda estava lá – coberta por mensagens escritas por fãs que visitavam o local. Deixei a minha também, é claro!
Pois bem, tirei uma foto ao lado dessa porta (junto do batente). Logo após, ela seria retirada e transferida para a casa de Ringo para servir como objeto de decoração.
George em Let It Be
George no filme Let It Be
Uma foto da porta, mostrando claramente as mensagens escritas, foi utilizada por Ringo para a contracapa de seu álbum Rotogravure, de 1976.

Naquela época Ringo andou envolvido com uma pequena empresa de decoração, a Ringo or Robin (R * R), Robin de Robin Cruikshank, designer conhecido. A empresa funcionou no mesmo prédio que a Apple Corps Ltd., no nº 54 da St. James Street e trabalhou muito na criação de merchandise oficial da Apple. Apesar disso, a Ringo or Robin não evoluiu muito e encerrou as atividades em 1976.

Foi na St. James nº 54 que George concedeu a famosa entrevista para o DJ inglês Alan Freeman, na qual ele toca algumas canções que hoje estão presentes em vários bootlegs.
Foto atual da St. James Street nº 54
As minhas fotos de 74, época em que ainda era necessário revelar o filme e imprimir em papel para poder vê-las, estão guardadas (se é que podemos usar esta palavra) em meio ao tumulto em que se transformou a organização de meus pertences que permanecem no Brasil, esperando o meu retorno. Ainda não foram digitalizadas. Quando voltarmos, posto aqui algumas delas.
………………
P.S. Finalmente minha foto de 1974, na Savile Row. (Estou segurando a edição de janeiro/74  da revista Rolling Stone, que traz uma entrevista histórica com Paul McCartney.)

Mais sobre “Living In The Material World”

Além dos formatos convencionais, em DVD e Blu-Ray, aqui na Inglaterra, teremos a edição DeLuxe, constituída de 2 DVDs (região 2), um Blu-Ray, um livro com 96 páginas e um CD com faixas nunca lançadas, que não será vendido separadamente. Tudo isso embalado em uma magnífica caixa, que pode funcionar como porta-retrato. Curioso para saber os títulos das faixas inéditas? Nós também, mas por enquanto nada foi oficialmente divulgado.

Assista ao trailer do documentário em http://www.georgeharrison.com/#/

George Harrison: Living In The Material World

Esta semana circularam, nos diversos jornais londrinos, notícias sobre o lançamento do documentário dirigido por Martin Scorsese – o premiado diretor de “Taxi Driver”, “New York, New York” e muitos outros filmes famosos – sobre o ex-beatle George Harrison, intitulado Living In The Material World (título de uma de suas músicas e do álbum lançado em 1973).

O lançamento, em Blu-Ray e DVD, previsto para 10 de outubro, coincide com o 10º aniversário da morte de George, ocorrida em 29 de novembro de 2001, aos 58 anos. Além do filme de Scorsese, de acordo com os jornais locais, outros eventos deverão lembrar o aniversário de morte do artista, como uma retrospectiva de sua vida e carreira no Grammy Museum, em Los Angeles, e ainda o lançamento de uma biografia escrita pela viúva Olivia Harrison, contendo material inédito que não foi utilizado no filme.


O documentário de Martin Scorsese, produzido por Olivia Harrison, promete revelar uma outra face de George, conhecido como o “quiet beatle”.
Por meio de depoimentos de seus parceiros e amigos (Paul, Ringo, Eric Clapton, Mick Jagger…), produtores (Phil Spector, George Martin…), esposas (Olivia e Pattie Boyd), além de cartas, filmes caseiros e outros materiais inéditos, uma imagem radicalmente diferente de Harrison deve emergir.
As revelações incluem a luta de Olivia, a viúva de George, para manter o casamento, tendo em vista o comportamento meio “mulherengo” do ex-beatle, confirmado pelos depoimentos da ex-mulher Pattie Boyd; sendo George sutilmente definido por Paul McCartney como “um homem saudável, que gostava de tudo que os homens gostam”.

 

 

Ao que parece, um George Harrison menos religioso e mais divertido, sagaz e sarcástico, intenso em suas amizades, bem como obsessivamente perfeccionista em relação à sua música deve ser revelado ao público em George Harrison: Living In The Material World. Vamos aguardar!

Henry McCullough

Quem se lembrar das várias formações que teve a banda Wings vai se recordar de um guitarrista irlandês cabeludo, da formação de 1972/1973.
Henry McCullough é seu nome, e ele permaneceu pouco tempo no grupo… Tempo suficiente, no entanto, para ficar marcado como o autor de um dos solos mais festejados do mundo do pop/rock.
A música era “My Love”, do LP Red Rose Speedway. Paul, como sempre, determinava para cada músico do grupo exatamente o que queria e como cada um deveria executar sua parte. Pouco antes da gravação, Henry se aproximou de Paul e disse que tinha outra ideia para o solo; audácia incomum para os integrantes de um grupo liderado por Paul McCartney!
Paul acabou cedendo e não se arrependeu. O solo criado e executado por McCullough é perfeito e dá um toque especial para a balada, que poderia ter se tornado apenas mais uma das tantas que Paul criou e gravou… Henry ajudou, e muito, a diferenciá-la!
Recentemente, em um show de McCartney em Dublin – Irlanda (Dezembro 2009), Henry estava na plateia e Paul mencionou a sua presença, reconhecendo sua importância para o Wings.
O que poucos devem saber é que Henry, após sua saída do Wings, tem realizado uma carreira solo muito interessante. Seu primeiro LP, de 1975, foi lançado pelo selo Dark Horse de George Harrison. Esse álbum – Mind Your Own Business – quase integralmente de composições próprias, é atualmente uma raridade.
Em um de seus últimos trabalhos, Henry regravou “Big Barn Bed” – canção de Paul do mesmo LP Red Rose Speedway .
Discografia:
– Mind Your Own Business (1975)
– All Shook Up (1982), Maxi Single
– Hell of A Record (1984)
– Cut (1987)
– Get In The Hole (Live) (1989)
– Blue Sunset (1998)
– Failed Christian ( 1998)
– Belfast To Boston ( 2001)
– Unfinished Business ( 2002)
– Live at the FBI (2007)
– Poor Man’s Moon ( 2008)
Em 2008
Como músico, desde 1969, McCullough acompanhou grandes nomes do rock em gravações e shows, entre eles:
Joe Cocker (inclusive em Woodstock), Spooky Tooth, Donovan, Grease Band, Roy Harper, Marianne Faithfull, Ronnie Lane, Eric Burdon ….

“Help!” e “A Hard Day’s Night” (2)

Após uma longa caminhada, passando por lugares bonitos como Kew Gardens, o Jardim Botânico de Londres, finalmente chegamos.

As casas da Ailsa Avenue, nºs 5, 7, 9 e 11, localizadas próximo à St. Margarets Train Station, em Twickenham, são aquelas eternizadas no filme “Help!”, na cena em que os quatro rapazes entram cada um em uma das casas e, no momento seguinte, vemos que as portas levam a um ambiente único, cheio de surpresas.

A rua é pequena, tranquila… As casas permanecem basicamente iguais, apenas a de nº 5 teve a porta de entrada bastante modificada.

Comparando as imagens, podemos observar que as demais portas ainda são as mesmas.

As plantas e árvores nos jardins e nas calçadas tornaram o cenário um pouco diferente do original. Carros estacionados de ambos os lados das calçadas atrapalham a visão. Droga!

Conversamos com duas moradoras… uma delas ficou surpresa ao saber que as casas já foram usadas como locação de um filme. A outra disse, orgulhosa, que nós estávamos no lugar certo, e nos falou de outro pub ali perto, que também aparece em filme dos Beatles.

De brincadeira, perguntamos se as casas eram realmente unidas por dentro e, claro, ela riu e disse que essa parte do filme tinha sido gravada em um estúdio ali perto (Twickenham Studios).

Cumprida a missão, contentes com o resultado, fomos atrás do tal pub.

Andamos apenas uma quadra e logo avistamos a Winchester Road. Mais alguns passos e adentramos o Turks Head Pub para tomar uma merecida cerveja, depois de tão longa caminhada num dia quente de verão (coisa rara por aqui, aliás).

No filme “A Hard Day’s Night”, Ringo é expulso desse pub, após alguns desastres, como errar o alvo e acertar, com um dardo, um pássaro dentro de uma gaiola. 

O gerente do bar, simpático, nos mostrou exatamente o local em que a cena foi filmada, próximo a uma parede que foi demolida.

O pub atualmente é decorado com alguns pôsteres dos Beatles e uma foto da época do Help, autografada pelos quatro.

Saímos de lá super satisfeitos, planejando novos passeios… Após um exaustivo mas compensador dia de peregrinação por esses caminhos trilhados pelos Beatles, em St. Margarets Station tomamos o trem para Waterloo Station, que fica na área central de Londres, e de lá nos dirigimos para nossa casa.

Locações dos Filmes “Help!” e “A Hard Day’s Night” (1)

Estamos descobrindo lugares diferentes em Londres, longe dos pontos turísticos, seguindo os rastros dos Beatles pela cidade. É claro que já fizemos os passeios clássicos, como a visita à Abbey Road, mas depois falaremos sobre isso… Para começar, vale a pena relatar nossa “excursão” à localidade de Richmond, na Grande Londres, à procura dos lugares que serviram de locação para o filme “Help!”

No último dia 3, saímos do sudeste londrino, onde estamos residindo e fomos, de trem e depois de metrô, até a estação de Gunnersbury, na região oeste da cidade, já meio fora do mapa. Ao sair da estação demos de cara com o Chiswick Park, nas proximidades do local em que foi gravado um dos “clipes” de Paperback Writer e Rain, em 1966. Nosso objetivo, entretanto, era o pub The City Barge, no número 27 do Strand-on-the-Green, um tipo de passeio à margem do rio Tâmisa, ao lado da Kew Bridge.

Esse pub serviu de locação para a cena em que, em fuga, os Beatles despistam entrando em um bar e, lá dentro, Ringo tem dificuldade para levantar o copo de cerveja do balcão, e quando George vira o copo, o chão se abre e Ringo cai num tipo de porão, onde há um tigre que só se acalma ouvindo a 9ª Sinfonia de Beethoven. O antigo pub, que existe desde o século XV, preserva as mesmas características dos tempos de Help. Não resistimos e fomos conversar com a funcionária… Acabamos conhecendo um jornalista aposentado, cliente do pub, que se lembrava bem dos detalhes, pois cobriu as filmagens de “Help!”, em 1965, e com a maior simpatia nos deu algumas dicas e se ofereceu para nos fotografar junto do balcão.

Só para lembrar, o bar não tem porão… essa parte foi gravada em outro local.

Saindo dali, passeamos um pouquinho pela margem do rio, no lugar em que, no filme “A Hard Day’s Night”, Ringo caminha solitário, disfarçado, e faz amizade com um garoto. De lá, pegamos a Kew Bridge em direção a Richmond, para ver as casas dos quatro beatles em “Help!”.

Os detalhes dessa parte do passeio você confere no próximo post, daqui a alguns dias.

Um pouco de história

A Blackbird Music Shop – loja de CDs, DVDs, etc. em São Paulo – teve uma trajetória de quase 12 anos, inicialmente em Pinheiros, na rua Mateus Grou, 152. A inauguração ocorreu em abril de 1997: um início difícil,  mas cheio de ótimas expectativas. Começamos do zero, nenhum cliente, nenhuma divulgação; apenas muita vontade de compartilhar um conhecimento adquirido por simples prazer de ouvir e conhecer sobre música.

Escolhemos uma casa com espaço suficiente até para pequenas exposições sobre temas e assuntos relacionados à música. Este primeiro momento durou um ano; em fevereiro de 1998 mudamos para a mesma Mateus Grou, número 52, com a proposta de incluir uma sala para apresentações de vídeos e reuniões especiais: chegamos a ter o prazer de uma roda de conversação com o crítico Mario Tinhorão.

Por razões de segurança, em 2000, tomamos a decisão de transferir a loja para um local mais protegido. Nos enamoramos pela Galeria Trianon na av. Paulista; um espaço razoavelmente escondido mas com extrema facilidade de acesso para todos que já se habituavam a frequentar a Blackbird. Em maio fizemos a mudança. A situação da Galeria permitia pôr em prática a ideia de pequenos encontros musicais sem qualquer tipo de compromisso. Nasciam as Jams da Blackbird, sempre aos sábados e sempre dedicadas às músicas dos Beatles.

Jam na Blackbird em 2006

Nestes 12 anos muita gente frequentou a loja e as Jams; muitos que se conheceram na Blackbird continuaram se encontrando e muitas boas relações permanecem ativas.

Participação no programa de Ronnie Von

Lançamento do livro de Claudio Dirani

Alguém já disse – “quem não gosta de mudança está morto!”, e sendo assim, em 2009, os novos tempos nos obrigaram a mais uma mudança: a Blackbird passou a atuar quase que totalmente de forma virtual. Por dois anos, mantivemos o contato pessoal com nossos clientes apenas aos sábados (encontros para conversas, solicitações, acompanhamentos e entregas de encomendas).

Nossa ida para Londres, em 2011, marcou a transformação do site em um blog, que pretendemos continuar alimentando sempre que surgir um fato interessante. Esperamos que gostem!