Wallace Collection e Manchester Square

Recentemente fizemos um passeio à Wallace Collection. O nome parece familiar?

Sem dúvida. A banda belga Wallace Collection (uma de minhas preferidas, nos anos 69/70) ficou relativamente famosa no Brasil. Inclusive participou do Festival Internacional da Canção de 1970, no Rio de Janeiro.  Daydream e Serenade são as canções do grupo que ficaram mais conhecidas do público brasileiro, mas eu sempre gostei da obra completa.

O primeiro disco do Wallace Collection intitula-se Laughing Cavalier.

“The Laughing Cavalier” é o nome de uma pintura de Frans Hals (1582-1666) que está exposta no museu Wallace Collection. O quadro é considerado um dos melhores retratos produzidos no Barroco. Pudemos apreciá-lo ao vivo, nesta visita.

A capa do primeiro single da banda traz uma foto de seus integrantes em frente ao quadro de horários do museu.

Em uma casa magnífica na Manchester Square, em Marylebone, centro de Londres, estão reunidas obras de arte colecionadas pela família de marqueses de Hertford e pelo filho ilegítimo do quarto marquês, Richard Wallace.

Seu acervo é muito interessante e variado. Possui várias obras de Rembrandt, Velázquez, Van Dyck, finas porcelanas, móveis que pertenceram a Maria Antonieta, armaduras e armas antigas, inúmeros relógios de mesa, entre outros tesouros.

O patrimônio foi doado à coroa britânica no século XIX pela viúva de Wallace.

A “Wallace Collection” fica ao lado da antiga sede dos escritórios da EMI na época dos Beatles (EMI House). A EMI mudou-se em 1995 e o edifício foi demolido em 1999. No número 20 da Manchester Square foi construído um novo prédio (foto acima), onde atualmente funciona a empresa ICI.

A foto da capa do LP Please Please Me foi tirada na EMI House, com o grupo no átrio do primeiro andar, olhando para o lobby embaixo. O fotógrafo  foi Angus McBean (foto com os Beatles e George Martin abaixo), em fevereiro de 1963. Versões ligeiramente diferentes dessa foto foram usadas na capa do EP inglês The Beatles e na capa da compilação vermelha The Beatles / 1962-1966. Mais tarde, em 1969, os Beatles posaram no mesmo lugar para uma foto para o projeto Get Back, que acabou se tornando o LP Let It Be. A foto de 1969 veio a ser utilizada na capa da coletânea azul – The Beatles / 1967-1970, lançada em 1973.

Há outras fotos do grupo na Manchester Square, como aquelas em que estão na escada em espiral ao lado da entrada principal da EMI House (acesso ao basement), tiradas em 5 de março de 1963.

Os Beatles frequentaram muito esse prédio. Em 5 de abril de 1963, apresentaram-se ao vivo para uma pequena audiência composta de executivos da EMI, jornalistas e fotógrafos. Nessa ocasião, receberam o primeiro disco de prata, pelo álbum Please Please Me.

É realmente uma pena que um local com tanta história tenha sido demolido.

E já que estávamos por perto, demos uma passadinha na Bakers Mews. Nessa pequena rua, atrás do prédio da EMI, havia uma porta secundária para os escritórios. Os Beatles foram fotografados ali, entrando em um táxi, em 1964.  Observando os detalhes, podemos perceber que essa ruela mudou muito pouco…

Beatles em Bournemouth

Em novembro fizemos uma pequena viagem a Bournemouth, uma cidade litorânea ao sul da Inglaterra.  Essa cidade teve um vínculo com os Beatles,  porque foi um dos lugares no Reino Unido em que eles mais se apresentaram, além de Liverpool e Londres. Fizeram 18 shows na cidade, entre agosto de 1963 e outubro de 1964.

Os Beatles  chegaram a Bournemouth pela primeira vez em 19 de agosto de 1963, para seis noites de shows, com duas apresentações por noite, no cinema Gaumont, localizado na Westover Road. Esse cinema ainda existe – dividido em várias salas – e atualmente se chama Odeon.

Eles já estavam bastante famosos, pois seu single From Me to You já tinha atingido o primeiro lugar nas paradas, e o rebuliço foi grande.

Cinema e hotel vistos da praia

Ficaram hospedados em um hotel na mesma rua do cinema, o Palace Court Hotel, que atualmente pertence à rede Premier Inn. A foto dos Beatles abaixo foi tirada na sacada de um dos apartamentos.

Durante a permanência do grupo na cidade o fotógrafo Robert Freeman fez várias fotos, sendo a mais icônica a foto da capa do segundo álbum, With The Beatles, tirada em um set improvisado no restaurante do hotel.

Capa de With The Beatles

No telhado do Palace Court Hotel

Foi também no quarto do Palace Court Hotel que George Harrison compôs sua primeira canção sozinho, Don`t Bother Me, enquanto se recuperava de uma forte gripe.

Consta que a gravação foi feita pelo motorista do grupo, Alf Bicknell, em um gravador dado a ele por John Lennon. Ouça:

https://www.youtube.com/watch?v=cwqRaQTB6WM

Outra curiosidade local é  uma carta escrita por George para uma fã, com o papel timbrado do hotel, na qual ele fala sobre o barulho dos fãs: “We don’t mind girls screaming in the noisy numbers, but I think we would prefer them to be a little quieter in the slow songs” (a gente não se importa que as garotas gritem durante as canções barulhentas, mas preferimos que fiquem mais quietas  para as canções lentas). Bem George mesmo!

Os Beatles voltaram à cidade em 16 de novembro de 1963, para uma noite de shows no Winter Gardens – que não existe mais – e depois em 2 de agosto  e 30 de outubro de 1964, novamente para apresentações no Gaumont Cinema.

Em 1965, John comprou um bangalô à beira mar, em  Sandbanks, para sua tia Mimi morar.

Sandbanks é uma península a oeste de Bournemouth muito valorizada atualmente. Está entre os metros quadrados mais caros do mundo… Mimi residiu nessa casa, denominada Harbour’s Edge, até sua morte em 6 de dezembro de 1991.

A propriedade, que ficava na Panorama Road 126, foi demolida em 1994, dando lugar a uma construção moderna e bem mais sofisticada.

John, Julian e Mimi no acesso para o ferry em Sandbanks (1967)

John Lennon foi um visitante frequente, até sua ida para os Estados Unidos, em 1971.

Em uma visita, em 14 de março de 1969, anunciou que ia se casar com Yoko Ono e consta que mandou seu chofer, Les Anthony, a Southampton (cidade vizinha) para saber se poderiam se casar no mar (a bordo de um navio). Como não conseguiram, um avião foi fretado para levá-los a Paris, de onde saíram para casar em Gibraltar, uma região pertencente à Inglaterra, junto da Espanha.

Tudo porque Yoko não tinha visto de permanência na Inglaterra, por isso não podia se casar no país. John narra esses fatos na letra da música The Ballad Of John and Yoko.

Bournemouth parece cultivar bastante essa relação com os Beatles.  Existe até um livro sobre o assunto:

Passeando pelo centro da cidade, encontramos um restaurante/ lanchonete chamado Norwegian Wood, decorado com fotos do grupo (mas já estava fechado).

Fontes:

http://www.dorsetlife.co.uk/2011/09/they-loved-it-yeah-yeah-yeah/

http://www.dorsetlife.co.uk/2015/02/mimi-and-sandbanks/

Beatles em Chiswick

As fotos que mostro neste post foram tiradas há algum tempo, mais precisamente em nossa visita a Londres em dezembro de 2013. São imagens de um passeio a Chiswick House and Gardens, que fica no lado oeste de Londres, no distrito de Chiswick.

Todo fã dos Beatles conhece um pouco desse parque, porque ele serviu de locação para os vídeos das músicas Rain e Paperback Writer e também aparece na capa do EP Nowere Man.

Beatles gravando o clipe de "Paperback Writer" (foto original em p&b)

Só pudemos visitar os jardins, porque a casa fica fechada no inverno.

Beatles em gravação do clipe de "Rain"

RainPaperback Writer têm clipes coloridos, com imagens externas (acima) e outros, em p&b, com imagens gravadas em estúdio.

A edição de luxo do Beatles 1 (Beatles 1+) inclui os clipes de Paperback Writer e Rain gravados em Chiswick, no dia 20 de maio de 1966, assim como outros dois clipes em p&b gravados no Estúdio 1 de Abbey Road, no dia anterior. Os filmes foram dirigidos por Michael Lindsay-Hogg (o mesmo diretor de Let it Be, dos clipes Hey JudeRevolution, do filme Rock and Roll Circus, de vários clipes de Paul, além de dezenas de outros dos Rolling Stones).

Embora os clipes alternativos (originalmente exibidos em programas da TV inglesa que não tinha ainda programação a cores) tenham sido gravados em preto e branco, existem fotos coloridas tiradas durante as filmagens, como as que seguem:

Chiswick é um passeio que vale a pena, se você estiver em Londres, porque o local é muito bonito.  A casa – um verdadeiro palácio –  foi concluída em 1729,  em estilo renascentista italiano.  É mantida pela instituição English Heritage. No solário/estufa (conservatory) ocorrem exposições de flores e plantas.

Algumas imagens vistas nos clipes foram gravadas aí.

O local conta com fácil acesso por metrô (fica a uma milha da estação Turnham Green).

Beatles em Edimburgo

Para comemorar meu aniversário, em outubro, fizemos uma viagem a Edimburgo, na Escócia. Este é um passeio que realmente recomendo. A cidade é excepcional. Cheia de história, belos jardins, bons pubs com música ao vivo, várias lojas de discos (o que é incomum atualmente)… Som de gaita de fole, castelo, scotch whisky experience,  homem vestindo kilt… Tudo muito peculiar.

Antes de viajar, fiz uma pequena pesquisa e descobri que Edimburgo tem associações interessantes com os Beatles. Vejam:

O primeiro show do grupo na cidade foi em 29 de abril de 1964 e o segundo, em 19 de outubro do mesmo ano. Estavam no auge da fama, logo após a bem-sucedida excursão aos Estados Unidos e a apresentação no programa de Ed Sullivan . Os Beatles já tinham se apresentado pela Escócia anteriormente, mas ainda não haviam tocado em Edimburgo.

O primeiro show foi realizado graças ao esforço de duas jovens fãs, que recolheram 8.000 assinaturas pedindo a vinda do grupo. A petição chamou a atenção da mídia local, que se interessou em trazer o grupo para duas apresentações, às 6:30 e às 8:50h, no cinema ABC, na Lothian Road. Como sempre acontecia, as apresentações dos Beatles duraram apenas meia hora, e mal se conseguia ouvir o que estavam cantando, tal a gritaria dos fãs.

Os ingressos se esgotaram em poucos minutos e só aqueles que pernoitaram na porta do cinema conseguiram comprar. Há vários registros fotográficos da época, mostrando as filas que se formaram para comprar ingressos para esses shows em Edimburgo. E também para entrar no cinema.

Segundo os relatos, os Beatles chegaram ao local às 6h e ainda tiveram tempo de dar uma entrevista rápida a repórteres de jornais e rádios locais, no foyer do ABC.

Foyer do cinema ABC

Conhecemos o local do antigo cinema ABC, que anos depois passou a se chamar Odeon (foi inaugurado em 1938, com o nome de Regal). O cinema fechou em 2000 e o auditório foi demolido em 2001, dando lugar às múltiplas salas de cinema que existem atualmente, ainda com o nome Odeon. A fachada, entretanto, permanece praticamente a mesma.

Mas as ligações com os Beatles não param aí. Stuart Sutcliffe, o primeiro baixista dos Beatles, nasceu em Edimburgo, em 23 de junho de 1940.

John Lennon passou várias férias de verão (até 1957) em Edimburgo, na casa de sua tia Mater e de seu primo Stan Parkes, que haviam se mudaram de Liverpool para Edimburgo em 1949. O endereço da casa, no número 15 da Ormidale Terrace, aparece em uma agenda de Lennon que foi leiloada.

Especula-se, inclusive, que a música Rain teria sido composta nesta casa.

15 Ormidale Terrace, Murrayfield

Os dois primos, John e Stan, costumavam andar pela cidade, visitar o castelo e o Arthur`s Seat, ir ao cinema e ao Estádio Murrayfield de rugby, que fica bem próximo da casa da família. John passava alguns dias na casa da capital, depois todos iam para a casa na praia em Durness passar o resto da temporada.

Lennon  passou bons momentos na Escócia, e considerava Edimburgo uma de suas cidades favoritas.

Em 1969, recém-casado, John levou Yoko e os filhos Kioko e Julian à casa da Ormidale Terrace,  numa tentativa de integrá-la à família, e depois foram até Durness, ao norte da Escócia. Dizem as más línguas que tia Mater não gostou muito de Yoko… Há fotos deles andando em Princes Street, a principal rua comercial, na região central.

Lennon na Princess Street, em frente ao Royal Bank of Scotland

Ormidale Terrace é uma rua do bairro residencial Murrayfield. Na esquina, a poucos metros da casa da família de John, do outro lado da rua, fica a igreja de Murrayfield.

E para homenagear o visitante ilustre, no centro de Edimburgo, em Princes Street Gardens, há um banco fornecido pela “Edinburgh Beatles Appreciation Society”, com as inscrições:

Em Durness (norte da Escócia), há um memorial em homenagem a John Lennon. Nele está gravada a letra da música In my life, pois consideram que a localidade serviu de inspiração para o verso “There are places I remember”…  Quem sabe algum dia ainda vamos até lá!

Fontes:

http://www.scotsman.com/lifestyle/culture/music/lost-edinburgh-the-beatles-at-the-abc-1-3391752

http://new.durness.org/?page_id=2210

http://kenwoodlennon.blogspot.co.uk/

http://www.scotsman.com/lifestyle/imagine-that-my-cousin-john-was-one-of-the-beatles-1-1309758

Covers

Fazer cover de canções dos Beatles passou a ser um lugar comum há muitos anos.
Existem aqueles que são meras tentativas de copiar o original. Estes não me despertam muita atenção.

Mesmo entre as bandas cover que aprecio bastante, tenho em maior conta aquelas que também possuem trabalhos próprios, inspirados ou não nos Beatles. Exemplos claros são o grupo The Wanteds, de Franca, (com bons discos de trabalho integralmente autoral) e o grupo ZoomBeatles, com a sua encarnação de Os MacCacos, também com composições próprias. No mais, bandas cover – acredito – são excelentes para serem vistas em shows ao vivo.

Cold Magic Tales (2012)                                                                                         Juntando Os Cacos (2008)

Ouçam:

When I Love YouThe Wanteds

Sorriso de PapelOs MacCacos

A existência de muitos covers certamente é um importante fator que levou o repertório dos Beatles a ser aceito e conhecido em praticamente todas as línguas e estilos musicais. Arrisco dizer que, não fossem os covers, o fenômeno do grupo estaria apenas nos livros de história…

Gosto muito de conhecer as diversas “leituras” que cada canção composta por eles permite. E sem dúvida, a alta qualidade de suas composições é o que abre a possibilidade de arranjos tão diversos.

Procuro não fazer comparações. A ideia primordial é conseguir apreciar o novo arranjo e, por conseguinte, apreciar a universalidade da criação original.

Com este post inicio uma apresentação de covers que possuo em minha coleção e considero interessantes. Se ele se encontrar no Youtube, colocarei um link. Para os que não estiverem disponíveis, colocarei um link de áudio aqui no blog.

Se quiser deixar sua opinião sobre as gravações, ela será muito bem-vinda. (Basta clicar em comentários que se abrirá um campo para preencher.)

Within You, Without You – Patti Smith do álbum “Twelve” (2007)

Real Love – Regina Spektor do álbum “Instant Karma: The Amnesty International Campaign to Save Darfur”  (2007)

Don’t Pass Me ByGeorgia Satellites do álbum “Open All Night” (1988)

Run For Your Life – Robert Gordon do álbum “Lost Album Plus…” (1998)

Good Morning, Good Morning – Micky Dolenz do álbum “Remember” (2012)

Strawberry Fields Forever – Peter Gabriel do álbum O.S.T “All This And World War II” (1976)

Fixing A Hole – Cory Chisel and The Wandering Sons do álbum “Minnesota Beatle Project Vol. 2” (2010)

And Your Bird Can Sing – Jim Reid do álbum “Revolver Reloaded” (2006) MOJO magazine

Any Time At All – Nils Lofgren do álbum “Night Fades Away” (1981)

A Hard Day\’s Night – Ella Fitzgerald ao vivo (1965)

Something – Peggy Lee do álbum “Is That All There Is?” (1969)

Mais fotos

Seguem mais algumas fotos de lugares relacionados aos “Fab Four”:

St Pancras Old Church and Gardens, com hospital St Pancras ao fundo ("Mad day out")

St Pancras Old Church and Gardens ("Mad day out")
John Lennon em um quadro do programa de TV "Not only...But also", em 1966
Beatles em 2 de julho de 1963, na Rupert Court, no Soho (almoçamos no pub "The Blue Posts" que aparece ao fundo na foto dos Beatles)
Esta dispensa legenda

Wapping Pier Head (Mad Day Out)

Dando prosseguimento ao nosso Mad Day Out, no último domingo fomos passear na região à margem do Tâmisa onde os Beatles foram fotografados em 28 de julho de 1968.

Essa área a leste de Londres denominada Wapping, na margem norte do rio, agora lembra muito pouco a região das docas do passado.  Os armazéns que existiam no local foram demolidos para construção de edifícios ou revitalizados para servirem de moradia. Vários parques foram construídos à margem do rio…

Percorremos a Wapping High Street, onde os Beatles tiraram as primeiras fotos, mas nada mais do Colonial Warves que aparecia na foto, pois o prédio foi demolido, dando lugar a blocos de apartamentos com frente para o Tâmisa.

À margem, atualmente, há uma calçada,  protegida com grades, para caminhadas e lazer dos moradores e visitantes.

Deste local podemos ter uma visão aproximada do que aparece na foto dos Beatles, com a Tower Bridge ao fundo.

A maioria das fotos dos Beatles foram tiradas no Wapping Pier Head. Os dois prédios (West e East) continuam lá, residenciais agora… mas talvez já fossem antes, pois Paul aparece em uma das fotos conversando com moradoras.

A parte central, entre os dois prédios, que termina em uma rampa para o rio, atualmente é um jardim fechado com grades, só para os moradores.  Inúmeras placas avisam que é proibido entrar ou estacionar no local (talvez tentando afastar os beatlemaníacos). Avançando até onde conseguimos, pudemos tirar algumas fotos.

O acesso ao rio, nesse ponto da Wapping High Street, só é possível por uma escada, no final de uma passagem muito estreita, que inicia entre o pub Town of Ramsgate e o prédio a oeste, a poucos passos do Pier Head. Pudemos observar que é um local muito visitado.

Essa escada (Wapping Old Stairs) tem uma história trágica. No passado – na maré baixa – piratas, contrabandistas e outros malfeitores condenados eram acorrentados na parte de baixo da escada e deixados para morrerem afogados com a subida da maré.

Provavelmente, as fotos de Paul acorrentado fazem referência a esse fato histórico. O lado meio macabro dessa parte da sessão de fotos, com John simulando estar morto, também deve ter a ver com a história do local.

Nosso “Mad Day Out”

Depois de um longo período ausente, estamos de volta a Londres e a este blog. E nada melhor para uma reestreia que resgatar o MAD DAY OUT dos Beatles (ou parte dele).

No  verão de 68, os Beatles estavam no meio das gravações do Álbum Branco e tiraram um dia para posar para novas fotos promocionais.

Don McCullin foi o fotógrafo convidado para passar o dia 28 de julho, um domingo, com os Beatles, fotografando-os em  várias regiões de Londres. Tom Murray – seu assistente – também tirou fotos, que ficaram guardadas por trinta anos, até Murray resolver divulgar esse material. Esse dia ficou conhecido como “The Mad Day Out” (algo como: “Um dia fora da rotina”).

As fotos foram publicadas pela primeira vez na edição da revista Life de 13 de setembro de 1968. Uma delas apareceu também nas compilações vermelha e azul, de 1973. Ficaram bastante conhecidas, pois várias fotos desse dia foram usadas em capas de compactos pelo mundo afora e em inúmeras publicações sobre os Beatles desde então.

Nosso “Day Out” foi bem mais modesto…mas muito gostoso!

Estávamos interessados em conhecer o Cemitério de Highgate, no norte de Londres, onde há o mausoléu de Karl Marx, entre outras figuras importantes.

Por coincidência ou não, na mesma rua, a Swain’s Lane, ficam as casas que aparecem em algumas fotos dos Beatles tiradas nesse dia.

Como podemos ver na comparação acima, as casas permanecem incrivelmente iguais, apenas ganharam uma entrada para carro, com a modificação do portão de entrada, amarelo, que agora é maior e de ferro preto.

Depois de visitarmos o cemitério, que fica em meio a um bosque muito agradável,  e após tirarmos uma foto com Karl Marx, nossa próxima parada foi a St. Pancras Old Church and Gardens.

Conhecer essa igreja e seus jardins foi pura alegria, porque está tudo lá. O banco onde os Beatles foram fotografados (será realmente o mesmo? Há uma placa dizendo que sim.)…

O mesmo memorial (The Burdett Coutts Memorial , de 1879) visível atrás do banco; a mesma fonte (desde 1877, mas atualmente desativada), tudo nos seus devidos lugares!

Tiveram o cuidado de preservar o parque do jeito que era em 1968. Na igreja, inclusive, há um painel que faz referência à sessão de fotos dos Beatles.

Realmente valeu a visita! Quanto às fotos restantes do famoso dia, as internas foram feitas no teatro Mercury (que não existe mais) e na casa Paul (creio que ele não vai permitir nossa entrada para fotografar). Vamos tentar visitar os demais locais externos, como o prédio em Old Street e o pier na margem do Tâmisa. Aguardem!

Nosso dia terminou em um pub no Soho, assistindo a uma jam session de blues regada a alguns pints de cerveja.  What a great day!

Rye – UK

Talvez inspirado pelo MACCA, que está lançando NEW, um novo álbum só de músicas inéditas, depois de um intervalo de seis anos… volto à ativa para comentar um passeio que realizamos para a cidade de Rye, em Sussex, na costa sudoeste da Inglaterra, em maio de 2012.

Hog Hill Mill Studios
Hog Hill Mill Studios


Além de conhecer essa pequena cidade com muitos séculos de história, nosso objetivo era, também, tentar ver onde fica a famosa fazenda e estúdio de Paul McCartney na região.

Em um carro alugado, rumamos para Peasmarsh, um vilarejo próximo a Rye – uma área mais residencial, com grandes propriedades. Logo encontramos a Starvecrow Ln, uma estradinha arborizada onde, em algum ponto que não conseguimos identificar com certeza, fica a entrada para a fazenda de McCartney.

Starvecrow Ln

Realmente, o cara se esconde por ali! Percorremos toda a estrada, prestando a maior atenção. Esperávamos encontrar um lugar todo murado, do tipo “segurança máxima”. Nada disso! Só chácaras… bosques… barulhinho de água. O acesso a Waterfall Estate (Woodlands Farm) ficou para uma próxima vez! Mas só por curtir a região, sentir o clima, já valeu!

De lá, fomos conhecer a parte antiga da cidade, torcendo para encontrar Paul dando uma voltinha por ali! Macca não apareceu, é claro, mas a cidade é de encher os olhos!

Passamos um dia maravilhoso, percorrendo a pé as ruas medievais de Rye. Tudo muito bem preservado, pronto para receber o turista. A praia (com areia!) fica a uma pequena distância.

Paul reside boa parte de seu tempo nessa propriedade de Rye, há muitos anos. Imagine quantas vezes Paul, Linda e os filhos foram vistos caminhando por essas ruas, fazendo compras, almoçando em um dos muitos restaurantes!

No começo dos anos 90, Paul e Linda (fotos acima) participaram ativamente de uma campanha para salvar o Rye Memorial Hospital, fechado em razão de corte de recursos do NHS (National Health Service).  “Think globally act locally”, Paul colocou em prática o lema que defendia. Em 1995, comemoraram a vitória do movimento, com a reabertura do hospital.

No “Anthology” temos várias imagens de Paul, George e Ringo juntos, trabalhando nesse estúdio de Paul em Rye.

Para quem está interessado em conhecer mais sobre a história de Rye, sugiro o site: http://www.viajarpelomundo.com/2012/08/rye-era-uma-vez-uma-cidade-beira-mar.html

Quanto ao novo disco de Paul, em breve posto um comentário, porque por enquanto estou na fase de degustação… e curtição. Sem palavras!

Efeitos colaterais…

Dartford é um município que fica a sudeste de Londres, relativamente próximo do bairro em que estamos morando. Não tem nada de especial, exceto ser a cidade natal de dois integrantes dos Rolling Stones: Mick Jagger e Keith Richards.
Então, porque estava logo ali pertinho… um dia desses fomos conhecer a cidade e ver alguns lugares ligados aos dois roqueiros antes da fama.
O local mais importante nessa história é a própria estação de trem de Dartford, na qual desembarcamos. Foi lá que, em 1961, uns LPs de Chuck Berry que Keith Richards trazia debaixo do braço despertaram o interesse de Mick Jagger, seu antigo colega de escola primária, que também esperava o trem. Interesses em comum, os dois logo marcaram outros encontros e começaram a tocar juntos, dando início à espetacular banda de rock que neste ano de 2012 completa 50 anos de carreira.

Clique aqui para ler a carta que Keith Richards escreveu à sua tia Patty, relatando o encontro com Mick Jagger e os dias anteriores à criação da banda.

Da estação, nos dirigimos ao bairro denominado Temple Hill, onde Keith Richards viveu parte da infância e adolescência. Esse loteamento foi construído para abrigar famílias que tinham perdido suas casas devido aos bombardeios que atingiram Dartford durante a Segunda Guerra Mundial. Keith Richards morava no nº 6 da Spielman Road, em uma boa casa, geminada apenas de um lado, tipicamente inglesa.

Pelo tom da carta de Richards para sua tia, a casa em que Mick Jagger morava, em Wilmington, um bairro um pouco afastado, devia ser muito maior…

De lá fomos procurar a escola em que estudou Mick Jagger, a Dartford Grammar School, a qual atualmente tem como anexo um tipo de centro cultural que leva seu nome (The Mick Jagger Centre). A escola fica na West Hill esquina com a Shepherds Lane. Um prédio muito bonito… tradicional. As “grammar schools” são consideradas escolas mais fortes, para as quais são selecionados os melhores alunos das escolas primárias. Mick era estudioso!

Tudo fechado, porque era feriado, mas pudemos fotografar o exterior do prédio.
Um pausa para o almoço, uma voltinha no centro (toda cidade aqui tem uma high street, que é a rua do comércio).
A relação de lugares “stonianos” era maior, mas tivemos que nos contentar em dar uma olhadinha, de dentro do ônibus, no Livingstone Hospital, na East Hill, o hospital em que nasceram Richards e Jagger, e mais nada…

Só complementando, li em um jornal daqui que foi aprovada a criação de um loteamento nos arredores de Dartford  no qual 13 ruas receberão nomes de músicas dos Stones, como Ruby Tuesday Drive, Satisfaction Street, Lady Jane Walk, Angie Mews, etc.  Creio que ainda não está pronto… É uma tentativa, às avessas, de entrar para o mapa, do mesmo modo que Liverpool ficou conhecido por causa dos Beatles. Só que os Beatles efetivamente amavam a cidade de Liverpool e homenagearam vários lugares em suas canções. Keith Richards e Mick Jagger aparentemente não davam a mínima para Dartford… So… Quem sabe vamos conferir, numa próxima visita…

P.S.- Coincidentemente, hoje foi publicada uma foto no Daily Mail, em que aparecem Mick Jagger (círculo à esquerda) e Keith Richards (à direita), alunos da mesma escola primária em 1951 (Wentworth Primary School, de Dartford). Abaixo reproduzo a foto: