Liverpool: Casas onde tudo começou

Em meio à pandemia, uma diversão garantida tem sido rever os DVDs do Anthology dos Beatles. O problema é que aflora um certo saudosismo dos momentos especiais vividos quando não havia essa ameaça.

Um passeio sempre lembrado, mas que não mencionamos aqui ainda, foi a visita às casas onde viveram Paul McCartney e John Lennon, em Liverpool,  na época em que se conheceram e compuseram as primeiras canções.

Mapa da região habitada por John e Paul, nos anos 50
John Lennon em Mendips

Com certeza você já ouviu falar! Esses endereços são muito recorrentes: 20 Forthlin Road, a casa onde viveu Paul McCartney, e Mendips – na Menlove Avenue, no bairro de Woolton, a casa onde John viveu com a tia Mimi.

Paul McCartney na 20 Forthlin Road

Menos de uma milha separam as duas casas, mas socialmente pertenciam a mundos bem diferentes. A casa onde Paul morava, desde 1955, era parte de um conjunto habitacional da prefeitura, construído no pós-guerra, com aluguel subsidiado. A casa pertencente a Mimi e George, os tios de John, era de um padrão mais alto, semi-independente e com terreno maior.

Para conhecer o interior das casas, é necessário fazer a reserva com bastante antecedência, no site da National Trust https://www.nationaltrust.org.uk/beatles-childhood-homes

As outras excursões em Liverpool vão mostrar as casas por fora, apenas essa excursão, cujo micro-ônibus sai do hotel Jurys Inn, garante o acesso ao interior.

Só posso dizer que foi uma experiência fantástica. Inenarrável, como gosta de dizer o nosso amigo Erasmo Carlos.

20 Forthlin Road

A primeira casa visitada foi a de Paul McCartney: um sobrado modesto, geminado, adquirido pelo National Trust em 1995. O interior não pode ser fotografado, infelizmente. As fotos internas publicadas aqui foram pesquisadas na internet.

Entramos pela sala, onde fica o famoso piano em que foram compostas tantas canções memoráveis. Confesso que fiquei emocionado!

Sala de estar da casa de Paul

Percorremos toda a casa, com mobiliário da época; inclusive o backyard (quintal), eternizado na capa do álbum Chaos and Criation in the Backyard, de Paul McCartney.

Nas duas casas, podemos ver alguns objetos que realmente pertenceram às famílias dos dois beatles, mas boa parte é reconstituição, a partir de fotos da época.

Fotos de 1963, de Dezo Hoffmann, na casa de Paul
20 Forthlin Road
Forthlin Road

De lá, mais alguns minutos e chegamos em Mendips, a casa onde John Lennon cresceu. Esta casa foi comprada por Yoko, em 2002, e doada para o National Trust, para essa finalidade.

Mendips é uma casa de três dormitórios, construída em 1933. Fica em uma avenida larga, só com casas grandes e bonitas. Na Inglaterra as casas são muito parecidas.  

Menlove Avenue
Mendips

Entramos pela lateral; a visita começou pelo quintal.

Mendips – ao fundo, depois da cerca, fica Strawberry Fields

Sem fotografias fica difícil lembrar os detalhes. Passamos pela cozinha, salas, armário com porcelanas da tia Mimi; subimos para os quartos, no andar superior…

Sala de estar em Mendips

Especial atenção para o pequeno quarto de John Lennon. A cama fica ao lado da porta; um armário embaixo da janela, ao pé da cama; nas paredes, posters de Elvis, Rita Hayworth e Brigitte Bardot. Uma extensão do aparelho de som que ficava na parte de baixo da casa.

A visita termina muito bem: somos convidados a testar a acústica do pórtico ou hall de entrada da casa, com painéis de vidro no estilo Art Nouveau, onde a dupla Lennon e McCartney gostava de ensaiar. As paredes vazias e vidros criavam o ambiente ideal para reproduzir o “som de banheiro” que eles queriam – foi o que nos disseram…  Aprovado!!!

Alguns teatros ligados aos Beatles

O Saville Theatre funcionou de 1931 a 1970 na Shaftesbury Avenue, em Convent Garden. Em abril de 1965 foi alugado por Brian Epstein, para apresentações de artistas promovidos por ele.

Os Beatles nunca se apresentaram nesse teatro, mas vieram ao local para assistir a shows de artistas como The Who, Jimi Hendrix e Procol Harum.

Tinham até camarote (Royal Box), sala de descanso e uma entrada particular para o teatro, que foi fechada em 1970, quando o teatro foi convertido em cinema.

Os Beatles estiveram no Saville em várias outras oportunidades ainda: em ensaios, na entrevista coletiva de 26 de outubro de 1965, após receberem os títulos de MBEs no palácio de Buckingham.

Os vídeos promocionais do single Hello, Goodbye, dirigidos por Paul McCartney, em 10 de novembro de 1967, foram gravados no Saville Theatre.

O espaço continua sendo um cinema, o Odeon Covent Garden, só que totalmente modificado, tendo agora várias salas.

O Mercury Theatre fica no número 2 da Ladbroke Road, em Notting Hill, bem próximo da famosa Portobello Road.  Nesse teatro foram feitas algumas fotos do MAD DAY OUT( segunda locação).

O prédio, construído em 1848, é muito bonito. Atualmente é uma propriedade particular,  mas ostenta duas placas azuis informando sobre seu passado.


Old Vic Theatre, na esquina da The Cut com a Waterloo Road (South Bank), era sede do National Theatre nos anos 60. Nesse palco foi apresentada a adaptação para teatro do livro de John Lennon, In His Own Write. O ator Victor Spinetti (foto abaixo), grande amigo do grupo, foi o coautor da adaptação e diretor da peça.

John compareceu à estreia, em 18 de junho de 1968, com sua nova namorada Yoko Ono. Foi a terceira aparição em público do casal.

Assista ao vídeo da época:

John Lennon = Old Vic Theatre

Paul já havia estado no Old Vic em 1966, para assistir à montagem da peça Juno and the Paycock, de Sean O`Casey.

O premiado ator Ralph Fiennes (da Lista de Schindler e O Paciente Inglês) está em cartaz no Old Vic no momento…

Outro teatro ligado à carreira do Beatles é o Playhouse Theatre, na Northumberland Avenue, próximo à Trafalgar Square. Nos anos 50, a BBC comprou este teatro para usá-lo como estúdio de rádio, com apresentações ao vivo. Entre janeiro de 1963 e janeiro de 1964, inclusive, os Beatles realizaram 13 sessões de gravação para programas da BBC Radio. Cinco dessas sessões foram com audiência.

O teatro fechou nos anos 70; foi totalmente restaurado e reaberto em 1987.

Beatles em Bournemouth

Em novembro fizemos uma pequena viagem a Bournemouth, uma cidade litorânea ao sul da Inglaterra.  Essa cidade teve um vínculo com os Beatles,  porque foi um dos lugares no Reino Unido em que eles mais se apresentaram, além de Liverpool e Londres. Fizeram 18 shows na cidade, entre agosto de 1963 e outubro de 1964.

Os Beatles  chegaram a Bournemouth pela primeira vez em 19 de agosto de 1963, para seis noites de shows, com duas apresentações por noite, no cinema Gaumont, localizado na Westover Road. Esse cinema ainda existe – dividido em várias salas – e atualmente se chama Odeon.

Eles já estavam bastante famosos, pois seu single From Me to You já tinha atingido o primeiro lugar nas paradas, e o rebuliço foi grande.

Cinema e hotel vistos da praia

Ficaram hospedados em um hotel na mesma rua do cinema, o Palace Court Hotel, que atualmente pertence à rede Premier Inn. A foto dos Beatles abaixo foi tirada na sacada de um dos apartamentos.

Durante a permanência do grupo na cidade o fotógrafo Robert Freeman fez várias fotos, sendo a mais icônica a foto da capa do segundo álbum, With The Beatles, tirada em um set improvisado no restaurante do hotel.

Capa de With The Beatles


No telhado do Palace Court Hotel

Foi também no quarto do Palace Court Hotel que George Harrison compôs sua primeira canção sozinho, Don`t Bother Me, enquanto se recuperava de uma forte gripe.

Consta que a gravação foi feita pelo motorista do grupo, Alf Bicknell, em um gravador dado a ele por John Lennon. Ouça:

https://www.youtube.com/watch?v=cwqRaQTB6WM

Outra curiosidade local é  uma carta escrita por George para uma fã, com o papel timbrado do hotel, na qual ele fala sobre o barulho dos fãs: “We don’t mind girls screaming in the noisy numbers, but I think we would prefer them to be a little quieter in the slow songs” (a gente não se importa que as garotas gritem durante as canções barulhentas, mas preferimos que fiquem mais quietas  para as canções lentas). Bem George mesmo!

Os Beatles voltaram à cidade em 16 de novembro de 1963, para uma noite de shows no Winter Gardens – que não existe mais – e depois em 2 de agosto  e 30 de outubro de 1964, novamente para apresentações no Gaumont Cinema.

Em 1965, John comprou um bangalô à beira mar, em  Sandbanks, para sua tia Mimi morar.

Sandbanks é uma península a oeste de Bournemouth muito valorizada atualmente. Está entre os metros quadrados mais caros do mundo… Mimi residiu nessa casa, denominada Harbour’s Edge, até sua morte em 6 de dezembro de 1991.

A propriedade, que ficava na Panorama Road 126, foi demolida em 1994, dando lugar a uma construção moderna e bem mais sofisticada.

John, Julian e Mimi no acesso para o ferry em Sandbanks (1967)

John Lennon foi um visitante frequente, até sua ida para os Estados Unidos, em 1971.

Em uma visita, em 14 de março de 1969, anunciou que ia se casar com Yoko Ono e consta que mandou seu chofer, Les Anthony, a Southampton (cidade vizinha) para saber se poderiam se casar no mar (a bordo de um navio). Como não conseguiram, um avião foi fretado para levá-los a Paris, de onde saíram para casar em Gibraltar, uma região pertencente à Inglaterra, junto da Espanha.

Tudo porque Yoko não tinha visto de permanência na Inglaterra, por isso não podia se casar no país. John narra esses fatos na letra da música The Ballad Of John and Yoko.

Bournemouth parece cultivar bastante essa relação com os Beatles.  Existe até um livro sobre o assunto:

Passeando pelo centro da cidade, encontramos um restaurante/ lanchonete chamado Norwegian Wood, decorado com fotos do grupo (mas já estava fechado).

Fontes:

http://www.dorsetlife.co.uk/2011/09/they-loved-it-yeah-yeah-yeah/

http://www.dorsetlife.co.uk/2015/02/mimi-and-sandbanks/

Beatles em Edimburgo

Para comemorar meu aniversário, em outubro, fizemos uma viagem a Edimburgo, na Escócia. Este é um passeio que realmente recomendo. A cidade é excepcional. Cheia de história, belos jardins, bons pubs com música ao vivo, várias lojas de discos (o que é incomum atualmente)… Som de gaita de fole, castelo, scotch whisky experience,  homem vestindo kilt… Tudo muito peculiar.

Antes de viajar, fiz uma pequena pesquisa e descobri que Edimburgo tem associações interessantes com os Beatles. Vejam:

O primeiro show do grupo na cidade foi em 29 de abril de 1964 e o segundo, em 19 de outubro do mesmo ano. Estavam no auge da fama, logo após a bem-sucedida excursão aos Estados Unidos e a apresentação no programa de Ed Sullivan . Os Beatles já tinham se apresentado pela Escócia anteriormente, mas ainda não haviam tocado em Edimburgo.

O primeiro show foi realizado graças ao esforço de duas jovens fãs, que recolheram 8.000 assinaturas pedindo a vinda do grupo. A petição chamou a atenção da mídia local, que se interessou em trazer o grupo para duas apresentações, às 6:30 e às 8:50h, no cinema ABC, na Lothian Road. Como sempre acontecia, as apresentações dos Beatles duraram apenas meia hora, e mal se conseguia ouvir o que estavam cantando, tal a gritaria dos fãs.

Os ingressos se esgotaram em poucos minutos e só aqueles que pernoitaram na porta do cinema conseguiram comprar. Há vários registros fotográficos da época, mostrando as filas que se formaram para comprar ingressos para esses shows em Edimburgo. E também para entrar no cinema.

Segundo os relatos, os Beatles chegaram ao local às 6h e ainda tiveram tempo de dar uma entrevista rápida a repórteres de jornais e rádios locais, no foyer do ABC.

Foyer do cinema ABC

Conhecemos o local do antigo cinema ABC, que anos depois passou a se chamar Odeon (foi inaugurado em 1938, com o nome de Regal). O cinema fechou em 2000 e o auditório foi demolido em 2001, dando lugar às múltiplas salas de cinema que existem atualmente, ainda com o nome Odeon. A fachada, entretanto, permanece praticamente a mesma.

Mas as ligações com os Beatles não param aí. Stuart Sutcliffe, o primeiro baixista dos Beatles, nasceu em Edimburgo, em 23 de junho de 1940.

John Lennon passou várias férias de verão (até 1957) em Edimburgo, na casa de sua tia Mater e de seu primo Stan Parkes, que haviam se mudaram de Liverpool para Edimburgo em 1949. O endereço da casa, no número 15 da Ormidale Terrace, aparece em uma agenda de Lennon que foi leiloada.

Especula-se, inclusive, que a música Rain teria sido composta nesta casa.

15 Ormidale Terrace, Murrayfield

Os dois primos, John e Stan, costumavam andar pela cidade, visitar o castelo e o Arthur`s Seat, ir ao cinema e ao Estádio Murrayfield de rugby, que fica bem próximo da casa da família. John passava alguns dias na casa da capital, depois todos iam para a casa na praia em Durness passar o resto da temporada.

Lennon  passou bons momentos na Escócia, e considerava Edimburgo uma de suas cidades favoritas.

Em 1969, recém-casado, John levou Yoko e os filhos Kioko e Julian à casa da Ormidale Terrace,  numa tentativa de integrá-la à família, e depois foram até Durness, ao norte da Escócia. Dizem as más línguas que tia Mater não gostou muito de Yoko… Há fotos deles andando em Princes Street, a principal rua comercial, na região central.

Lennon na Princess Street, em frente ao Royal Bank of Scotland

Ormidale Terrace é uma rua do bairro residencial Murrayfield. Na esquina, a poucos metros da casa da família de John, do outro lado da rua, fica a igreja de Murrayfield.

E para homenagear o visitante ilustre, no centro de Edimburgo, em Princes Street Gardens, há um banco fornecido pela “Edinburgh Beatles Appreciation Society”, com as inscrições:

Em Durness (norte da Escócia), há um memorial em homenagem a John Lennon. Nele está gravada a letra da música In my life, pois consideram que a localidade serviu de inspiração para o verso “There are places I remember”…  Quem sabe algum dia ainda vamos até lá!

Fontes:

http://www.scotsman.com/lifestyle/culture/music/lost-edinburgh-the-beatles-at-the-abc-1-3391752

http://new.durness.org/?page_id=2210

http://kenwoodlennon.blogspot.co.uk/

http://www.scotsman.com/lifestyle/imagine-that-my-cousin-john-was-one-of-the-beatles-1-1309758

Grandes encontros

A Livraria e Galeria de Arte Indica, em Mason’s Yard, nº 6, em Mayfair, teve história para contar. Foi lá, em 9 de novembro de 1966, que John foi apresentado por John Dunbar à artista japonesa Yoko Ono, então com 33 anos, na véspera da abertura de sua exposição “Unfinished Paintings and Objects”.

Inicialmente, a livraria ocupava o andar térreo do prédio e a galeria de arte ficava no subsolo (basement). No verão de 1966 a livraria se mudou para o nº 102 de Southampton Row, e a galeria de arte passou a ocupar também o térreo.

John Dunbar (primeiro marido de Marianne Faithfull), Peter Asher (irmão de Jane Asher) e BarryMiles (escritor, autor da biografia de Paul McCartney, Many Years From Now) eram os proprietários da Indica. Nos primeiros tempos Paul McCartney ajudou financeiramente a manter a galeria.

Os três sócios da Indica

De acordo com o livro Many Years From Now, foi também na Indica, em março de 1966, que John encontrou o embrião da letra de Tomorrow Never Knows, a frase: “Whenever in doubt, turn off your mind, relax, float downstream”, a qual ele leu em um livro que achou na prateleira – The Psychedelic Experience, de Timothy Leary – enquanto procurava uma obra do filósofo alemão Nietzsche.
Visitamos o local há poucos dias.

A Mason’s Yard é um tipo de vila (ou pátio), que sai da Duke Street –St James (cuidado, porque no centro de Londres há outra Duke Street, em Marylebone). A região é muito charmosa, cheia de galerias de arte. No lugar onde ficava a Indica agora há a galeria Stephen Ongpin & Guy Peppiatt Fine Art. Anteriormente se chamava James Hyman Fine Art.

Nessa vila, no nº 13, bem próximo da Indica, havia a casa noturna Scotch of St James Club, muito frequentada pelos artistas da época, inclusive Paul. Atualmente, no endereço funciona o Directors Lodge Club.

A Mason’s Yard tem duas entradas, uma bem estreita, apenas para pedestres (abaixo), ao lado do pub Chequers Tavern e outra para carros (acima). É um lugar muito interessante!


Não muito depois de John Lennon encontrar Yoko Ono, McCartney conheceu a americana Linda Eastman, no Bag O’Nails Club, em 15 de maio de 1967. Ela estava lá com os integrantes do grupo Animals. Paul se interessou logo por ela, e a convidou para ir com ele e seus amigos ao Speakeasy, um clube em Margaret Street, para onde foi todo o grupo. De acordo com depoimentos de Paul e Linda, o encontro ficou marcado pela música de Procol Harum, A Whiter Shade of Pale, que ouviram pela primeira vez no Speakeasy e gostaram muito, ficando curiosos para saber quem estava cantando. (É, essa música realmente marcou a nossa geração!)

O Bag O’Nails Club ficava na Kingly Street nº 9, uma rua paralela à Carnaby Street, no Soho. Em nossa visita ao endereço, pudemos ver que atualmente ali está estabelecido o Miranda Club, um clube privado que, de acordo com seu site, ainda mantém algum vínculo com o antecessor ilustre. Na entrada há duas placas dando conta da importância histórica do lugar, uma referente ao encontro de Paul e Linda e a outra informando que foi nesse local que Jimmi Hendrix Experience fez sua primeira apresentação no Reino Unido, em novembro de 1966.

Curiosamente, apenas em 1968 os relacionamentos de John e Yoko e de Paul e Linda efetivamente engrenaram. Em 29 de fevereiro de 1968, Yoko separou-se de Tony Cox e, segundo consta, começou a perseguir John Lennon. Linda teve um segundo encontro com Paul poucos dias depois, na festa de lançamento do disco Sgt Pepper’s, mas depois eles só voltaram a se encontrar em 13 de maio de 1968, em New York, no evento de lançamento da Apple nos Estados Unidos.

E para complementar, já que falamos no Bag O’Nails, perto do Palácio de Buckingham almoçamos em um tradicional pub com esse mesmo nome. É provável que o pub e o club pertencessem aos mesmos donos, na época. Muito bom.

Endereços dos Beatles em Londres (2ª parte)

Quando deixaram o apartamento da Green Street, ao término do contrato de um ano, Ringo e George dividiram um apartamento no Whaddon House, um prédio meio escondido, que fica em uma rua sem saída chamada William Mews, travessa da William Street, em Knightsbridge. Esse bairro, muito elegante, fica relativamente próximo do Palácio de Buckingham e de uma região cheia de embaixadas.
O último andar desse prédio era habitado por Brian Epstein desde 1963 e George e Ringo mudaram-se para um outro apartamento em 1964. Tivemos alguma dificuldade para encontrar o local, porque não figurava em nosso mapa, por ser uma rua particular.
Quando estávamos fotografando, um casal relativamente idoso que saía do prédio, acompanhado de uma senhora mais idosa ainda, mostrou-se interessado no motivo das fotos. Explicamos que aquele tinha sido um dos primeiros Beatle endereços em Londres, e comentamos sobre o nosso blog.


Pois bem, eles não só sabiam, pois moravam ali desde aquela época, como também nos deram uma dica para ilustrar o blog: a foto de George em seu Jaguar, que tinha sido tirada naquela rua, em frente ao prédio. Fomos procurar a foto e, yes… lá estava o edifício (ou parte dele, ao fundo, à esquerda)! De acordo com o casal, Ringo e George moraram no último andar, ao lado de Brian Epstein, informação que contraria o afirmado na biografia de Paul, Many Years From Now, segundo a qual o apartamento ocupado por eles seria o do andar de baixo. Whatever


Algumas quadras dali, no nº 24 da Chapel Street, em Belgravia – o bairro das embaixadas – fotografamos o prédio para onde Brian Epstein se mudou em janeiro de 1965 e residiu até sua morte em 1967. Nesse apartamento, no último andar do edifício, foi realizada a festa de lançamento do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, em 19 de maio de 1967. Nesse evento ocorreu o segundo encontro de Paul e Linda, convidada por Paul como fotógrafa. São dessa data suas primeiras fotos dos Beatles.

Beatles no lançamento do álbum Sgt Pepper's - foto tirada por Linda
Beatles no lançamento do álbum Sgt Pepper's - foto tirada por Linda

O próximo endereço de Ringo foi o apartamento de dois andares – térreo e subsolo – do nº 34 da Montagu Square, em Marylebone. Embora Ringo tenha residido pouco tempo nesse endereço, manteve o apartamento por alguns anos, cedendo-o inclusive para Jimi Hendrix por um período, e depois para John Lennon e Yoko Ono, que moraram ali por alguns meses. As fotos da capa do álbum Two Virgins foram tiradas nesse apartamento.

O prédio foi catalogado como English Heritage por seu valor histórico e atualmente há uma placa afixada informando que John residiu no local em 1968. Ringo acabou vendendo seus direitos sobre o imóvel em 1969, depois de a polícia ter encontrado drogas no apartamento, no incidente que culminou com a prisão de John.

Bem, esses são endereços de moradia dos Beatles e de Brian Epstein na parte central de Londres. As demais casas em que residiram ficam fora da cidade. Se conseguirmos visitar, postaremos aqui.

P.S.: Encontramos algumas fotos dos Beatles nos lugares mostrados aqui. Enjoy!

24 Chapel Street

34 Montagu Square


34 Montagu Square